O nosso pensamento será sempre a casa fiel de quem amamos
O
vento soprou forte durante toda a noite, mas muito mais forte num instante em
que sacudiu violentamente a persiana e pronunciou algo imperceptível durante a
sua passagem por entre as frestas apertadíssimas das vidraças.
Acordou-me
então o vento, e atirou-me irreversivelmente para os braços da memória sob o
olhar cúmplice e o patrocínio da saudade.
O
vento como louco, e em mim a abrir-se um terreiro iluminado pela lua, um chão
cúmplice do querer e sem limites para a fantasia, uma praça onde as fontes em
vez de água, vertem as palavras que sustentam a própria poesia.
E
dancei contigo sentindo o teu cheiro e o teu olhar fazenda da música o pretexto
para a festa de mil beijos.
O
nosso pensamento será sempre a casa fiel de quem amamos...
E
o dono das nossas noites é quem resgatamos da memória para nos preencher a
magia de sonhar acordado.
Às
vezes numa noite escura quando o vento nos acorda.
Depois...
Já
não me recordo de ter voltado a adormecer, mas fi-lo certamente por entre a
dança onde floresciam os beijos.
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