E o tempo acelera…
Mesmo
que o dia insista em pintar-se do tom cinzento de nuvens muito carregadas, nós
sabemos que o tempo acelera já irreversivelmente para a primavera; e até Fevereiro
trai e mata a previsível duração que têm os meses.
Por
todo o inverno, a chuva semeou flores rebeldes que por estes dias rasgarão de
amarelo, o verde intenso das ervas do caminho.
Até
os choupos se despiram para que as águas chegassem mais depressa ao leito das ribeiras,
fazendo com que estas ganhassem uma renovada voz e se revestissem de um intenso
e indisfarçável aroma de poejo.
Por
todo o inverno…
Senti
a chuva a bater forte na vidraça da casa aonde moro, e me aqueci das lembranças
dos beijos que de ti trago sempre comigo.
E
tantas vezes adormeci escutando o vento, e decifrando no seu sopro as palavras
de amor que por ti desejei sussurradas no íntimo mais íntimo do meu ouvido.
Hoje
enquanto tomo o café e espreito lá fora o cinza de um dia de inverno em agonia,
quase que tenho a certeza que o vaso de amores-perfeitos que comprámos juntos
no mercado, já estará perto de dar flor.
E
olho para o calendário…
Último
dia de Fevereiro… e o tempo acelera.
Eu
sigo com ele à boleia para os teus braços; é lá que na cidade eu sinto sempre o
campo…
O
perfume das flores e o canto sereno das ribeiras por estes dias em que chega a
primavera.
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