A noite que te trouxe
Há noites destas, de acordar com o vento, e ficar assim desperto no assumido gozo do prazer da manta colorida, temperando a hora de tudo aquilo que mais quero.
O pensamento nunca falha na hora de cumprir os desejos desta vontade, e breve te faz chegar aqui para "conversares" comigo.
Lá fora segue o breu... e o vento como que num esforço para que a sua voz acorde definitivamente a madrugada.
Peço-lhe que sossegue; tu já estás comigo...
Os dias são o que são, e as noites por serem mães de sonhos, são no seu silêncio e no escuro, tudo aquilo que queríamos que fossem os dias.
Eu agora sinto até o teu abraço, e ao ouvido vou dizendo tudo aquilo que às vezes te escrevo e que só nós e o Tejo que nos escuta, guardamos como segredo.
Consigo sentir os teus beijos, são diferentes de tantos esboços onde os ensaiei enquanto te procurava.
E sigo pelas palavras...
O vento já amainou e não tarda a amanhecer, eu adormeço contigo.
Já vamos ter muito pouco tempo para dormir, o dia não tarda, a hora de me levantar...
E mesmo que o dia não seja tão fiel a mim quanto foi esta noite, não me importo; sempre colho dele o céu que me lembra o teu olhar.
E sonharei acordado em ilhas de silêncio que abrirei na cidade.
Comentários
Enviar um comentário