Entre o tempo e a poesia
Reinvento-me
feliz à sombra do teu olhar.
Contigo
a uma janela alta e enquanto luto contra o tempo que me arrasta inevitavelmente
para o fim do serão e para o “beijo de até logo”, o primeiro segundo da saudade;
vou tomando de ti a nova poesia, e alinho palavras sobre as linhas informais
que me oferecem os telhados de Lisboa.
Subo
e desço com o olhar ao ritmo do infinito perfeito que me ofereces viver, e da
caligrafia ousada e louca dos poetas nascem versos sob o céu de um infinito
luar.
Destemidas
palavras de desejo.
Palavras
e rimas como os beijos e como a vida que nos entrelaça; sem pontos finais e sem
reticências.
Depois,
pelas duas da manhã, estamos sentados frente a frente na Brasileira do Chiado.
Enquanto
nos refrescamos na bênção de uma água tónica, eu tenho Pessoa atrás de mim, e tenho-te
a ti à minha frente. Atrás de ti um relógio que parece ter nascido na mesma década
daquelas paredes, um incansável corredor de fundo sem meta à vista na sua
infinita maratona.
Estou
feliz ali entre o tempo e a poesia.
Estou
contigo entre o tempo e a poesia, e as palavras de amor e a eternidade são
detalhes da vida perfeita que guardas em ti e que eu descubro sempre à sombra
do teu olhar.
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