Voz
Entrego
a voz às palavras que respiram, e num sonoro rendilhado, estendo para lá da
alma, o supremo e nobre canto dos poetas.
De
todos os poetas… ao compasso da terra e na mais doce e verdadeira inspiração
dos dias que o sol me dá…
Quando
a Braguesa e o Cavaquinho me impelem à dança, rodopio e bailo de corpo e voz,
os garridos Viras e Malhões debruados a filigrana do ouro mais puro.
Celta,
uno-me ao toque da Gaita no eco das arribas quando o Douro, por Miranda, em luso
rio se converte.
Desafio-me
nas Chulas e mando bailes, costa fora, de norte a sul, e até mesmo quando o
Atlântico dobra Sagres e se faz a Sotavento.
Caso-me
às mãos que cantam pelo toque do adufe da raia, na Beira das imponentes serras que
a Castela viram costas.
Canto
chão na dolência do sul, na planície das terras em que o trigo de tão louro
parece ter roubado a cor ao sol.
Encantado,
Mouro enamorado pelas vielas estreitas de Alfama, de um gemido de saudade, pela
voz me nasce um fado.
Com
a nobreza que é apanágio dos simples, e forte, na persistência dos bravos,
jamais calarei essas tantas palavras que de festa, riso, alegria, paixão, amor,
revolta, querer e dor, a vida fará jorrar no decurso lento, ou rápido, do ciclo
normal dos dias.
Pela
voz.
Pela
minha voz.
Dia
16 de Abril, Dia Mundial da Voz.
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