A herança doce dos poentes
Quem
se ama jamais teme a intimidade promovida por um pôr-do-sol, quando a pele e os
olhares se namoram efusivamente e esvaziam qualquer importância e protagonismo que
possam ter todas as mais inspiradas palavras de amor.
O
sol ateia o horizonte de um despudorado rubor enquanto morrem capas e tabus na
festa de sermos nós mesmos…
E
vendo-te assim na “nudez” que te revela mais do que perfeito, eu não consigo
nunca deixar de pensar que todos os meus dias tiveram o impulso da esperança de
te encontrar.
E
no abraço a que nos entregamos eu descubro um sibilino propósito em todos os
aromas de flores que me foram oferecidos pela primavera e todas as estações.
O
teu aroma num abraço que é uma definitiva chegada.
Nós
merecemo-nos e merecemos este instante que se sobrepõe a tudo o que às vezes
parece separar-nos, este momento roubado ao desejo e que insufla vida para
dentro das nossas histórias.
Este
instante é a minha suprema sorte e tu és o amor perfeito que cruzará comigo
todo o tempo e todos os anos.
Ao
redor de um chá de cidreira, quando o sol já se pôs e o teu olhar brilha mais
do que o luar imenso de Janeiro, eu sinto vontade de fazer desta hora uma tenda
para nela viver todos os dias…
Contar-te
histórias enquanto te acaricio a barriga e tu me dás beliscos entre os dedos da
mão; e adormecermos os dois por entre a herança doce dos poentes.
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