O sofá de um Homem enamorado é um parapeito de vistas infinitas e ilimitados horizontes
O
sofá de um Homem enamorado é um parapeito de vistas infinitas e ilimitados
horizontes; que o pensamento jamais se nega a tomar e a fazer suas, as mais
ousadas e destemidas oníricas asas que o amor lhe “imponha”, e assim voar para
longe.
Sem
autocensura como privilégio, sem humanas e racionais “portagens” debitadas
directamente na conta do bom senso, as noites de aparente silêncio são assim o
berço de histórias que alinham o tempo com tudo o que está inscrito na nossa
vontade.
E
rompem qualquer espaço.
Às
vezes enquanto voo, pego na caneta e no bloco de capa vermelha, e coloco as
melhores palavras que conheço na história que nasce em mim, fazendo um Diário
de Bordo onde os quilómetros são o caminho por onde me levam as sensações.
Bem
mais importante do que qualquer outro registo diário; que aquilo que fazemos é
o previsível que toda a gente vê, e aquilo que se sente é o que nos define e muito
melhor fala de nós.
Numa
destas noites olhei para a parede onde repousam os teus traços, abracei-me a ti
na memória do teu cheiro e do toque da tua pele, e sentado no sofá com caneta e
bloco, deixei-me levar pelo eco de uma inédita paz, pondo palavras numa viagem
contigo.
Voámos
os dois num beijo imenso, e na areia de uma praia deserta e sem nome,
inscrevemos os passos num caminho desenhado em paralelo que o vento e o mar
fizeram questão de guardar em si.
O
vento fala destes passos e deste amor quando sopra ao jeito de um cantar que
abraça as árvores e as montanhas, e o mar guarda deles o sal, porque tudo
aquilo que é grande sempre acaba por nos fazer chorar.
A
comoção dos amantes no caminho de areia, num abraço por entre o cantar do vento
que quando nos beija sempre traz com ele o aroma que bebeu de uma qualquer flor.
E
no final da noite, quando regressei a este tempo e sentado no sofá, continuava
a olhar os teus traços na parede, e no caderno vermelho tinha palavras que eu
não sei como escrevi…
Mas
dizem que é um poema de amor.
É
capaz.
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