Nós somos da idade do que queremos viver, muito mais do que daquilo que já vivemos
Nós
somos da idade do que queremos viver, muito mais do que daquilo que já vivemos.
É
novo quem ambiciona e se entrega a um futuro longo e completo, é velho e morre
quem não o sonha e não se dispõe a vive-lo assim; e eu nasci na tarde de
primavera em que te dei um abraço e tomei desse instante uma vontade infinita
de prolongar ao impossível todos os dias que a vida generosamente me oferecer.
E
a infinito sabem todos os instantes em que te encontro e me coloco à sombra do
teu olhar, esse infinito impenetrável onde as palavras não contam e nem sequer
conseguem dar justiça ao que se sente.
Uma
Bola de Berlim é o pretexto para uma mesa acesa para dois num corredor onde o
chá nos aquece, as mãos e os lábios se namoram…
E
eu não me canso nunca de te olhar.
Sim,
eu sou da idade desta inédita paz e descubro em mim as forças para viver
intensamente, voar por sobre tudo e calcorrear contigo todos os mais ínfimos
recantos do universo, na morte dos relógios; que o tempo é nosso e as horas
colho-as de ti nesta enorme vontade de jamais querer morrer.
Eu
já fui tão mais velho do que sou hoje…
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