“Não é este o perfil que procuramos”
No
país da crise, poderá tardar, mas chega sempre o dia em que o desespero tem o nome,
o apelido e o rosto de alguém que conhecemos.
No
país da crise, os empresários de sucesso, algures no seu trajecto entre o poder
mediático e as garras do Ministério Público, e sempre com uma passagem
obrigatória no entretanto pela Sala das Bicas do Palácio de Belém para uma
condecoração por bons serviços; envelhecem-nos precocemente e condenam-nos a
campa rasa no talhão dos demasiado competentes para o parco salário que nos
podem / querem dar.
E
aos cinquenta anos, a vida e os planos que legitimamente alimentámos enquanto fazíamos
uma formação profissional de excelência e nos treinávamos e crescíamos em
trabalhos de elevada responsabilidade, vêm-se subitamente sete palmos abaixo do
mínimo compatível com a dignidade.
Por
mor da discrição chamo António a um amigo que é arquitecto, que tem uma idade
próxima da minha e a rondar os cinquenta anos, que tirou o curso numa escola
acima de qualquer suspeita, que trabalhou em gabinetes e empresas reputadas… e
que por estes dias termina o período de dois anos de subsídio a que tem direito
no calvário do desemprego.
Dois
anos de curricula enviados diariamente e de respostas fantásticas recebidas na
volta do correio relativamente à qualidade dos mesmos; o que até seria bom para
a auto-estima, não fosse a tão demasiado recorrente “condenação” de:
-
Não é este o perfil que procuramos.
Pois…
já sabemos porquê.
Neste
“Pomar das Laranjeiras” vou escrevendo e publicando tudo aquilo que o tempo me
vai oferecendo, e hoje pede-me o dia que vos lembre o António, e que vos peça
que divulguem esta “laranja”; e se encontrarem ou souberem de algo que o possa
ajudar, contactem-me por qualquer das vias ao vosso alcance.
Bem
gostaria de hoje ter partilhado convosco algo sobre o amor, até poderia fazê-lo
com todos os argumentos, mas o desespero dos amigos suplanta qualquer nosso bem
sentir e faz-se a nossa inquietação.
É
inerente ao ser amigo.
Muito
obrigado por divulgarem.
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