E há flores e beijos perfeitos no fim de todos os invernos
Podem
as sombras insistir em tapar-nos o sol beliscando a intensidade com que ele brilha
sobre as nossas manhãs, que nós nunca desistiremos de seguir pelo tempo até chegarmos
à primavera.
O
inverno ressuscitou as ribeiras e semeou erva farta pelo campo, aqui e ali
enfeitada por milhões de malmequeres em tapetes que de perto nos beijam o passo
e ao longe nos prendem o olhar.
Há
papoilas rubras destemidas e ousadas entre o trigo por ora verde; as espigas, o
prenúncio do pão que em ondas baila com o vento por sob o canto das planícies.
Na
cidade, as nuvens partem como que fazendo-se substituir no céu pelas andorinhas
e deixam que o Tejo namore o sol e se vista de um fantástico azul, o tom em
rima com o teu olhar que me sorri em cada passeio, em cada beijo que suplanta a
ideia errada do último ter sido a imbatível excelência e perfeição.
Sim,
cada um dos teus beijos bate sucessivamente o record universal dos beijos de amor.
A
noite nunca será triste por ser o início de uma nova madrugada.
O
inverno…
Nunca
será um tempo triste porque da chuva nascem flores e porque dos beijos nascem outros
na festa maior dos sentidos. O canto flor onde o pudor já morreu.
Hoje,
viva a primavera.
E
mesmo que as sombras eclipsem o sol durante a manhã sabemos que tal só
acontecerá por um brevíssimo instante porque a primavera é afinal como a vida:
e há flores e beijos perfeitos no fim de todos os invernos.
E gritos de papoilas.
Comentários
Enviar um comentário