Os aromas todos…
Em
Belém há um mosteiro com nós marinheiros esculpidos entre os santos da fachada,
heróis do céu e do mar congregados na memória das caravelas que deram novos
mundos ao mundo e que dobraram tormentas pelo império, por glória, açafrão e canela.
E
mais acima, iluminada e a sobressair do casario da Ajuda, uma cúpula guarda a
memória do Marquês e de uma cidade reconstruida por sobre os escombros do
terramoto.
Tudo
isto, nós conseguimos observar desde o jardim enfeitado a buxo recortado e a
altos ciprestes, onde uma fonte nos entretém na ilusão da água ter cores,
porque, formas… o vento agreste da noite e do Tejo destrói-as todas sem dó nem piedade.
Há
pouco, quando tentávamos fazer uma foto, sentimos os salpicos da água nas
nossas faces e devolvemo-nos a correr para o carro onde nos sentámos e onde as
nossas mãos se colaram instintivamente.
Todo
eu repouso por entre o desejo mais doce quando sinto a minha pele entrelaçada
na tua pele, uma permuta incessante onde nenhum dos poros se demite de beijar o
outro e de lhe contar segredos.
Tu
belisca-me entre os dedos enquanto as palavras que a noite tece nos envolvem no
futuro feito de tantos planos.
E
o teu olhar que tem o tom do céu…
Sob
esta noite, sob nós repousarão as memórias e tantos escombros; porque nascem
impérios que calam adamastores e ressuscitam a glória dos sentidos.
Açafrão,
canela…
Os
aromas todos na rota do mais perfeito dos amores.
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