Eu irei sempre buscar-te do lado do mar
Saio para um corredor imenso.
De um lado, num dos topos, uma janela rasgada
para a montanha verde por ora coroada de bruma, e do outro, do meu lado
esquerdo, uma outra janela e o mar.
Estou mais ou menos equidistante de uma e
outra janela, e saindo agora do meu quarto desta noite apercebo-me de como a
cama me ofereceu cabeceira na montanha e me posicionou o corpo de frente para o
mar.
O mesmo mar que ontem ao serão sobrevoei
prata por mérito da lua e despertou azul comigo nesta manhã, epílogo de sonhos
por certos envoltos em bruma e repletos das histórias tecidas pelos mistérios
que escondem as lagoas.
Os encantos guardados no refúgio da eterna
Atlântida.
Saio definitivamente para o corredor...
E viro instintivamente para o lado do mar mas
na consciência de puxar e trazer comigo as lembranças de todas as montanhas...
E dos sonhos, e da bruma...
O café não tarda a fumegar na caneca que tem
desenhado o mergulho de um cachalote; como bolo lêvedo com manteiga, um iogurte
de ananás... e à minha frente, e sempre, a coerência do mar.
Escrevo-te um poema que vou publicar para ti
nesta manhã enquanto só o Atlântico parece querer matar as saudades do teu
olhar; e trago comigo os sonhos que colhi dos teus beijos por entre a bruma de
tantos dias.
Os Açores...
As montanhas como almofadas e os dias que são
como os corredores…
Eu irei sempre buscar-te do lado do mar.
Comentários
Enviar um comentário