Há tanto mundo em mim… e uma noite com o Cante nas margens do Tejo
Esperei
por ti tomando a fé de um sobreiro que a planície tinge de sombra ao romper da
aurora que chamamos bela, pelo tom de fogo que sempre oferece ao horizonte.
Tomei
alento da água da fonte que corre na mesma toada de paixão de quem a procura
para namorar, e oferece beijos nas mãos em concha que dispensam o velho cocho
que alguém por ali deixou pendurado num prego já enferrujado pelo tempo.
Colhi
a azeitona numa manhã de inverno por entre os ramos gelados do olival e fiz
dela a luz da candeia com que te escrevi versos ao luar.
Senti
o canto chão dos homens na tasca mal alumiada, rimas de amor a ressoarem entre
as talhas já cheias do vinho novo, e a ressoarem em mim, que toda a vida sonhei
contigo.
Trago
em mim a rebeldia das papoilas numa seara madura embalada pelo vento, e o
perfume do rosmaninho sinto-o na alma junto ao prazer perfeito de viver
contigo.
Há
tanto Alentejo em mim...
E
hoje, aqui de braço dado contigo nas margens do Tejo que nos juntou, escutando
as vozes minhas irmãs que cantam como eu, a toada que me oferece casa e abrigo;
eu sinto meu amor que muito mais do que o Alentejo que comigo nasceu...
Há tanto mundo em mim por namorar contigo.
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