E são tuas todas as palavras
As palavras descem desse espaço comum formado
pela memória, os desejos e os sonhos, o espaço a que chamam céu; adoçam-se nas
sensações tomadas dos beijos ao pôr-do-sol, afinam-se na caligrafia perfeita
inspirada nos traços do teu rosto... e vêm depois repousar na folha branca pousada
na mesa onde escrevo para ti.
Eu jamais serei dono destas palavras de amor que
aqui escrevo.
Guardião das lembranças e das vontades
nascidas de um amor profundo, eu sou apenas o homem que empresta as mãos e
desenha as letras das palavras todas que são tuas. As palavras
"colhidas" de um céu que semeaste em mim e se renova de azul a cada
amanhecer.
Prosa, poesia… e a vida que sempre ousei
sonhar.
Há um aparente silêncio sobre este princípio
de tarde, e eu gosto do silêncio pelo poder de o povoar daquilo que me apraz à
alma.
Trepo-o agora pelas "lianas" do
pensamento, e busco-te...
Não tardarei então a descer com as palavras
que escrevo e logo te lerei envoltas no ar que cruza as nossas faces aparadas e
iguais.
Será por certo em Lisboa.
Uma carta de amor, o prefácio de um beijo que
me dás discretamente no espaço docemente exíguo de um abraço...
E sorriremos os dois.
Ambos sabemos que são tuas todas as palavras
de amor.
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