Viagens ao redor de ti
Quem ama até no sopro do vento consegue ouvir as estrofes de uma cantiga; e deixa-se embalar pelo serão esperando que o sono chegue depressa enquanto escuta o repetido som que desce pela chaminé e traz o nome do ser por quem lhe bate o coração.
Todo o serão e toda a noite escutei o teu nome por entre aquele estar só que não tem nada de solidão, e nem me recordo do instante em que pousei o livro, apaguei a luz e me predispus a adormecer.
Sonhei contigo e em intervalos vi as horas no relógio da mesinha de cabeceira...
Ainda faltam quatro, ainda faltam três, ainda faltam duas, já só falta uma hora...
E acordei deste "Doce" "Bem bom" pelas seis da manhã.
Lá fora seguia o vento...
A barba aparada, o duche, os comprimidos, o pequeno-almoço, a mala já feita...
Lisboa desperta e espreguiça-se languidamente enquanto passo para o aeroporto. O sol parece querer beijá-la.
O avião, "Almeida Garrett", "Viagens na minha terra" sempre ao redor de ti, mando-te uma mensagem, as asas que abanam, espreito o Tejo cá de cima e depois...
As nuvens que do chão vemos negras são alvas como algodão vistas assim do lado do céu.
E já não escuto o vento...
O teu nome...
Escuto-o agora nas saudades imensas de ti.
Para quem ama não há sítio onde não consiga ouvir as estrofes de uma cantiga...
E eu escuto o teu nome.
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