Eu sigo sempre como a caminhar para ti e olho tudo à volta como que a procurar-te…
A
noite já acendeu o Cristo-Rei e transformou a ponte numa ponteada linha de
luzes em tons de amarelo com o sul como destino.
O
inverno está de partida, sente-se no ar sem o mínimo tom de frio; e hoje não corre
o vento que costuma trazer-nos a bênção do Tejo até às faces e põe as Tágides a
segredar-nos ao ouvido os detalhes todos que guardaram do seu namoro com o mar.
Cúmplice,
mais do que nunca, a lua brilha cheia por sobre mim.
O
meu caminho passa por Belém, sobe a Ajuda pela Calçada e ao lado da Memória, e é
o retrovisor que me traz a ponte e o rio até ao olhar.
Eu
sigo sempre como a caminhar para ti e olho tudo à volta como que a procurar-te…
E
sei que tu estarás sempre por Lisboa.
A
lua parece sorrir-me como que afagando-me o ombro por entre o desconforto da certeza
de que partiste ainda há pouco.
Há
muito pouco.
Sem
ti eu sou muito menos de metade daquilo que sonhei.
Estou
a deixar a Ajuda, vou entrar em Monsanto e numa curva vejo que a ponte se pôs à
minha frente e trouxe com ela uma nesga generosa de uma das colinas da cidade.
Eu
vejo-te finalmente e sorrio como a lua.
Tu
és a minha Lisboa.
Toda
a Lisboa.
E
eu vejo-te sempre mesmo que às vezes e só por entre a saudade.
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