Eu “Sei lá”… “Não há coincidências”
Estar
sozinho a tomar o pequeno-almoço num hotel dá-nos tempo de sobra para, entre
uma visita e outra ao buffet, alimentar a escrita “bebendo” dos personagens que
se sentam ao nosso lado.
Hoje
foi um desses dias e não me acusem por favor de ser um mal-educado que escuta
conversas alheias porque estando eu em Coimbra, estes personagens falavam num
tom que até da tumba na Igreja de Santa Cruz, o D. Afonso Henriques poderia
acompanhar tal novela.
Chegaram
juntas e usavam entre elas o tratamento de amigas, e amigas seriam, mas uma
delas era claramente a líder.
Com
um cinto dourado alinhado com o tom das dezenas de pulseiras que tilintavam nos
seus pulsos, com anéis em quase todos os dedos, Com uma mala, perdão, carteira
da Louis Vuitton, com sapatos XPTO, com tanta base e tanto rímel que com ele poderíamos
quiçá dar lustro à Torre Eiffel de alto a baixo, esta “amiga” líder cedo deixou
romper o verniz.
Quando
a amiga se levantou para ir buscar algo e ela permaneceu sentada, através de um
olhar de claro desdém a denunciar que pelo seu neurónio solitário poderia estar
a passar algo do género: “ai coitadinha filha que mal te ficam essas calças com
as ancas tão largas que tens”; cedo percebi que a amizade era curta.
E
quando a determinada altura da refeição escancarou a boca para com uma unha de
gel retirar um pedaço de comida que se tinha alojado algures cá atrás entre os
dentes, percebi de vez que a criatura era na verdade uma “contrafacção de lady”,
mas daquelas tão baratas que até a ASAE a cinquenta quilómetros dá por ela.
A
mim, não me bastava ter de levar centenas de vezes com as declarações da Margarida
Rebelo Pinto acerca da crise, que, por certo por me ter portado muito mal, o
destino me enviou este acréscimo de castigo com dois genéricos dos seus
personagens a sentarem-se ao meu lado para me acompanhar durante o
pequeno-almoço.
Será
por certo para eu manifestar aqui a minha solidariedade à Margarida.
É
verdade, a pobre anda descorçoada, até a Júlia Pinheiro, a Fátima Lopes e o
Luís Norton de Matos, imagine-se, escrevem e publicam romances estragando-lhe
definitivamente as vendas.
Para
além disso, tinha também de aparecer aquela coisa das “Cinquenta sombras de
Grey” com descrições mais ousadas do que as dela no que ao pénis e às vaginas
diz respeito, com o mulherio em surdina a discutir aquelas coisas e desprezando
de vez as historietas sobre as tias de cascais que alugam quartos para cometer
adultério no Hotel Ibis da Área de Serviço da A5…
A
Margarida tinha mesmo de fazer algo para assegurar a sua quota de mercado e
assim resolveu ir chocar o mundo com uma declaração de todo imprópria, sei lá, tá a ver?
Mas
valha-nos isso pois imagine-se que a mulherzinha nos tinha decido chocar despindo-se
toda e subindo a Rua do Carmo montada numa burra?
O
inestético que seria a criatura a cruzar o Chiado…
Aquilo
é só ossos e ainda pensavam que andávamos a desenterrar os fenícios.
Necessidade
a quanto obrigas!
Agora
muito a sério e apesar de lhe ter dedicado estas palavras, acho que não devemos
perder muito tempo com a Margarida Rebelo Pinto, nem sequer odiá-la pois ela
não merece.
Só
merece ser odiado quem é importante e ela não o é de todo.
Se
fez estas declarações por pensar desta forma, não me surpreende pois é o tipo
de afirmações que costumam fazer os acéfalos.
Se
as fez por Marketing, ganhe vergonha e abra realmente os olhos, pegue nela e vá
até um supermercado pois talvez se aperceba que muitas das pessoas que lhe
compravam os livros, não o fazem agora para irem comprar os da concorrência,
fazem-no tão só porque necessitam do dinheiro para ir comprar papo-secos para
os filhos.
As
minhas companheiras de pequeno-almoço saíram da sala aos risinhos e de braço
dado…
Amigas.
São
assim os dias da hipocrisia e “não há coincidências”.
“Sei lá…”.
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