Este compromisso que atravessa todas as idades
De
repente, apercebo-me, passaram 25 anos sobre o dia em que acabei o curso de
Farmácia: 27 de Abril de 1990.
Com
os muros a caírem na Europa, com Lisboa a ganhar uma cor diferente, e a poesia
e a liberdade a ousarem enfeitar as noites do Bairro Alto que nos oferecia as
ruas e as “tascas” para podermos pôr palavras nos sonhos e partilhá-los em voz
alta; lembro-me bem dos meus 23 anos e dos regressos a casa a pé desde o cimo
da Rua Rodrigo da Fonseca e da Farmácia Ronil onde estagiei, até ao Príncipe
Real onde morava.
Eu
e os meus pensamentos numa Lisboa que já era irremediavelmente a minha casa; e um
privilégio.
Acho
que nunca planeei nada de muito concreto por entre o desejo de ser feliz,
independente e fiel ao compromisso de nunca me trair a mim próprio nos desejos,
nas minhas mais férreas vontades. Custasse o que custasse.
E
passaram 25 anos…
Quase
não dei conta; penso-o quando desfruto hoje da vista desde a janela da sala de
minha casa, vejo o mar e sinto o conforto de uma caneca de café que ainda há
pouco pingou na máquina e perfumou todo o espaço que me envolve.
Escrevo
como habitualmente ao pequeno-almoço que é a altura do dia de que mais gosto.
E
acho que continuo igual no desejo de ser fiel a mim, mas hoje infinitamente
mais feliz.
Amar-te
é ter-te entrelaçado permanentemente em todos os pensamentos num privilégio que
apaga qualquer detalhe de solidão.
Amar-te
foi e será sempre a confluência dos meus desejos.
Lembras-te
do primeiro passeio que demos por Lisboa quando a Feira do Livro enfeitava o
Parque e os jacarandás davam cor lilás ao tecto sobre os nossos passos
inebriados pela magia de se encontrarem?
Desde
então que penso que era contigo que eu sonhava por entre a vontade e o compromisso
de ser feliz e ser eu.
Impossível
era planear-te assim tão concreto na perfeição de um amor infinito que me
completa.
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