Os poetas não compram flores
Não
deixo nunca que os sonhos se apaguem na inevitabilidade do tempo; com eles vou
moldando o mundo, e às vezes tomo notas desenhando e construindo “os meus
mundos”, detalhes de brincar que um dia, mais cedo ou mais tarde, transportarei
para a dimensão real que têm os dias.
Desenho
a face de uma cidade colorida banhada por um rio, o Tejo; e encho-a de árvores,
de ruas com chão desenhado a preto e branco, um castelo, paredes vestidas de
todas as cores… e gente; uma cidade onde só pelo olhar se intui a banda sonora tecida
a toque de guitarra e voz apaixonada de um fado.
Lisboa,
a cidade onde cada detalhe me conta uma história.
O
rio cruza-se desde o Terreiro do Paço em direcção ao comboio que ruma a sul e
sueste…
E
na outra face e em tom de férias desenho as planícies que conduzem à foz de um
outro rio, o Guadiana; que os rios são apenas distintos pormenores geográficos para
o canto e o passo da mesma água.
Aqui
dispenso a ponte, tenho o barco que me levará sempre com a mão entrelaçada à
mão da minha avó até às ruas de um falar diferente onde há caramelos e
chocolate.
Voltamos
ao fim da tarde; o mesmo barco, as mesmas mãos… e ainda e sempre as mesmas
águas.
À
noite acendem-se luzes, candeeiros nas ruas de Lisboa, no Sotavento, luzeiros pela
planície fora…
Na
minha maqueta de brincar, nos meus Legos…como as estrelas que me sorriem em
todas as noites e que imitam a persistente vontade expressa em todos os meus
sonhos: nunca se apagam.
“Sempre
fui habituado a ser forte, a ser capaz de tudo, e não me vou abaixo”.
Ricardo,
um abraço.
Os
poetas não compram flores, tecem-nas com palavras e oferecem-nas assim, às
vezes nos dias menos simpáticos que a vida tem.
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