Tu ficaste a Oeste… hoje vislumbro-te de entre os raios do sol
Tu
ficaste a Oeste, de onde o sol brilha neste fim de tarde e me abraça iluminando
os detalhes todos do caminho.
Eu
ainda trago na boca o aroma doce e perfeito dos teus beijos...
E
nesta estrada que é a rota de uma vida, só hoje consigo entender o que me
envolve.
Esperava
que chegasses...
Há
oiro à solta na giesta que salpica intensamente o verde da planície; são braços
em louvor ao céu, os ramos dos sobreiros que despiram as suas vestes, o fruto
de uma longa espera; as casas brancas no cimo do monte são castelos e torres
que amparam almas e guardam a poesia; há aroma de rosmaninho como incenso no
altar da fé do pastor que distrai o tempo cantando as suas rimas que falam do
amor e do sul...
O
céu é azul porque em tudo eu vejo a cor do teu olhar.
Tu
ficaste a oeste com o sol, e eu sinto o vosso abraço cúmplice na luz que por
detrás de mim me ilumina em tudo e na lucidez sobre o caminho.
Eu
rumo a leste e em breve chegarei a Vila Viçosa, a minha terra que a esta hora
me recebe sob a lua que já brilha lá no alto do castelo.
É
Páscoa. Quinta-feira santa.
Persiste
em mim o aroma doce e perfeito dos teus beijos...
Persistirá
sempre.
Há
tanto que eu esperava que chegasses.
Paro
o carro no Terreiro do Paço, desligo-o e respiro fundo.
Ainda
consigo ver-me menino a passar por aqui a caminho do velho liceu à porta dos
nós, e guardei desse tempo a imagem do sol por esta hora a espreitar por
detrás da velha nogueira colada à parede do Convento das Chagas.
Confirmo.
Mas
hoje vislumbro-te de entre os raios do sol.
Não
espreito o retrovisor mas sinto claramente que sorrio quando me apercebo de que
tudo faz sentido.
Tu
estarás em todas as Páscoas e eu sei que já não viverei qualquer uma sem que te
ame assim.
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