Eu sou desta noite onde te espreito numa tela que se confunde com o horizonte
A
hora avança cumprindo o irreversível destino do tempo, e há uma cortina escura
que cala o sol e o empurra para lá do horizonte numa despedida lenta ornada de
laranja, púrpura, lilás e uma infinidade de outras cores.
Caiu
a noite sobre a planície.
As
luzes do carro imitam-me o pensamento e fazem incidir sobre a estrada a
claridade que indica o caminho.
O
pensamento projecta a nossa história, que é a nossa vida; e a minha viagem
nocturna pelo Alentejo é a imersão numa imensa sala onde brilham as imagens
alinhadas pelas mãos mestras do melhor realizador do universo.
Eu
vejo-me e vejo-te na tela com a dimensão completa de todos os meus sentidos.
E
há beijos por entre uma infinita festa, que não apenas no final feliz de um “cinema”
que é ele próprio, o paraíso.
Uma
festa que não acaba nunca porque mesmo quando os dias sabem a ponto final é por
faltarem as palavras para descrever com verdade um amor assim.
É
só questão de descansar um pouco num abraço como quem muda de parágrafo… e
seguimos pelas palavras novas e pela poesia.
Sem
nunca deixar que termine… o romance e a película.
Caiu
a noite sobre a planície…
Nós
somos filhos da terra onde somos felizes, e por isso eu sou dos teus braços;
berço dos sorrisos, do desatinar dos sentidos que alimentam os melhores beijos.
Por
isso eu sou desta noite onde te espreito numa tela que se confunde com o
horizonte.
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