AMOR
De repente e no dia que sentimos e antecipamos como o
mais improvável… um segundo apenas ali pelo começo de um primeiro, tímido e
muito breve olhar.
Um brevíssimo segundo mas com força para varrer mil
anos; e já não importa o que antes vivemos, as décadas todas.
Perdemo-nos na idade por ganharmos uma nova História...
E nascemos nesse instante, o primeiro da vida que o
tempo nos fez sonhar e querer muito; um segundo que nem o sangue quer perder, e
por isso se achega à face para espreitar para dentro de um breve hiato que a
memória se encarregará de tornar eterno.
O teu olhar, o mais doce recomeço...
Por entre o rubor, eu jamais saberei o porquê da minha
pele vibrar como nunca ao mínimo toque da tua pele, dos meus lábios só
sossegarem no beijo em tons de ouro que me dás, e do nosso abraço que tem
aromas de urze e alecrim, ser a pátria e a casa de um inédito e completo prazer,
o saciar perfeito do maior desejo.
Sentimos a vontade de multiplicar ao infinito, a vida
toda que nasce e brota da génese breve desse novo tempo, desse tão breve segundo.
Dizem que é o coração que então nos fala, e que esse
tão completo e feliz sentimento, quando o corpo estremece e a alma sossega,
quando a vida se ganha por nos perdemos em tudo e no olhar de alguém; se
designa por amor.
Amor será, digo eu que te descobri no olhar perfeito
solto algures no breve segundo de uma tarde de quase primavera; mas o
coração...
É muito pouco para o tanto que todo o meu corpo e a
razão me confessam sobre ti:
- Tu és a raiz sem a qual eu não aconteço.
Definitivamente.
Amor…
Meu amor…
Sim, eu amo-te; e amar-te é afinal sentir que do tempo
brotam flores, porque eu nasço e renasço contigo em todos os instantes, mesmo
até nos mais breves e improváveis segundos.
(“Um mês A GOSTO” / Dia 1 / Letra A / Tema proposto
por Ângelo Rodrigues)
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