NÓS
O rolo de corda, os pedaços que vou cortando à medida,
dobrando em dois e pendurando de uma argola branca de plástico que eu já
pendurei no trinco de uma porta… três secções de quatro cordas cada, e posso começar
a dar os nós.
Às vezes escuto a música guardada num LP qualquer:
Duran Duran, Fischer Z, Simon & Garfunkel, um Polystar de um ano qualquer, Eurovisão
1978 com as Baccara a representarem o Luxemburgo…
Outras vezes deixo a “banda sonora” ao critério do rádio
que vai tocando baixinho: Tina Turner, Sheena Easton, Olivia Newton John...
Se os nós forem feitos sempre no mesmo sentido, a teia
de corda que dele resulta enrola; mas se pelo contrário eu alternar o sentido,
a teia fica direita.
Vou deixando espaços sem nós entre cada uma destas
teias.
Com as mãos assim ocupadas, com a música a deixar-me
de vez em quando uma palavra como mote, é pelo pensamento que sigo, qual
marinheiro numa nau cruzando os mares… ao sabor dos nós.
No final cruzo cordas de cada uma das três secções e
faço uma rede que depois tranco em baixo; aparo algumas pontas mais irregulares
e tenho um suporte para pendurar um vaso. Escolho aquela planta que melhor se
possa sentir assim entrelaçada entre as cordas.
Não me recordo do número de suportes para vasos que
fiz assim durante algumas férias de verão, mas acho que foram muitos, e alguns
até os fiz por encomenda.
Sempre ao sabor do pensamento e a navegar.
Afinal, a vida tem tanto de um rolo de corda que
espera por “nós”…
Para que sempre brilhem as flores.
(“Um mês A GOSTO” / Dia 17 / Letra N / Tema proposto
por Natália e Guilhermina Sousa)
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