MEU
Nunca nada me pertencerá tão completa e legitimamente
do que aquilo ou quem eu amo.
Muito fala a gente sobre a posse daquilo que se
adquire ou do que nos é oferecido. Serão coisas importantes ou não, serão muito
ou pouco, bens móveis, imóveis, diamantes, tesouros… Cumpriremos todos os
preceitos legais, não existirão dúvidas, exibiremos todos os comprovativos
devidos em casos tais, tatuaremos os nomes nas fachadas; mas tudo permanecerá
sempre como um satélite ao redor de nós.
Pelo contrário, tudo e todos os que amo são parte de
mim, vivem comigo no mais íntimo, no pensamento, na alma, são raízes profundas
dos sorrisos ou do choro triste.
Preciso deles para ser eu completo e inteiro, e cada
pessoa que eu amo é uma célula indispensável para a construção do todo que eu
sou. Sem ela…
E depois há o pensamento pelo qual existimos e essa
mais pura intimidade que temos para connosco próprios.
Poderá existir algo tão ou mais intimamente meu do que
o pensamento e tudo o que nele habita?
Por existires tão presente e tão nítido no meu
pensamento, tu és tão meu quanto o meu braço direito, quanto todas as palavras
que escrevo, quanto os meus beijos, os meus suspiros e os meus sonhos.
Quando nas tardes de domingo saio pela cidade e
entrego o meu olhar ao rio, caudal das águas cúmplices dos desejos e do nosso
abraço; chamo-te meu... meu amor...
Com legitimidade.
E às vezes até digo que o universo é todo meu, mas
isso é porque contigo eu finalmente me deixo acontecer como sempre me imaginei.
(“Um mês A GOSTO” / Dia 16 / Letra M / Tema proposto
por Milton Alonso)
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