Enquanto “Roma” parece arder
O mundo não se divide em esquerda e direita, norte e
sul, este ou oeste; o mundo… somos todos nós, os seres que nele habitamos,
humanos ou não; e aquilo que o faz crescer e o engrandece, é a fé e a convicção
com que seguimos os nossos valores e ideais no máximo respeito por todos
aqueles que os têm diferentes de nós.
A liberdade é a maior festa, e a tolerância a maior
virtude e a regra do “jogo”.
Para que não me alcunhem de um Nero alucinado a tocar
a lira de poemas de amor enquanto “Roma” arde, sinto-me quase na obrigação de
escrever este texto, por entre uma profusão de palavras “obscenas”, números e
memórias do “Youtube” com que toda a gente parece andar a “lutar” arduamente
nas redes sociais, virtuais ou não.
Tudo serve como arma de arremesso contra os “diferentes”;
e a política que teve sempre como objectivo a conquista do poder é hoje
definitivamente um “Jogo da Glória” ao sabor dos dados e por entre o vazio da
ideologia.
Onde é que estão e para que é que contam os ideais para
um individuo que votou PS, PCP ou BE, por convicção, e agora e sem saber sequer
as cedências que estão a ser feitas de parte a parte, defende cegamente o
acordo que não conhece?
Da mesma forma, que peso têm os ideais de direita da
PàF nos memorandos que se abrem a todos o itens que na campanha eleitoral
serviram para arrasar o programa do PS?
A democracia assenta na expressão do voto, e aqui
apetece-me recordar que um “democrata” que na noite das eleições e quando
conhecidos os resultados, afirma estar de luto, é alguém que despreza a decisão
dos demais e que tem de resolver urgentemente o seu conceito de democracia.
Um Presidente da República ou qualquer outro cidadão,
não pode em circunstância alguma excluir votos ou gente do jogo democrático. O
voto de Cavaco Silva vale tanto como o voto da Catarina Martins ou de qualquer
cidadão. Sendo o primeiro magistrado da nação a fazer esta discriminação e
exclusão, é emasiado grave.
A maioria de esquerda que se vislumbra no Parlamento e
que já elegeu o novo Presidente tem tanta legitimidade para condicionar a vida
e as decisões do país, quanto o presidente de decidir dar posse ou não a um
determinado governo. O Presidente foi eleito por uma maioria absoluta de votos
expressos na sua pessoa e nas suas ideias, para agir por si, e não como
intérprete do que se passa no Parlamento. É bom lembrar à esquerda que no
Estado Novo e após a “bomba” Delgado, é que a Assembleia Nacional elegia o
Presidente.
E a democracia é tudo isto sem que o Homem de direita
seja “Fascista” ou o de esquerda seja um artífice de um qualquer Gulag ou um
adepto da Coreia do Norte.
O respeito entra sempre neste jogo.
Eu considero que o dia mais importante para a minha
geração foi o 25 de Abril de 1974, e a liberdade então conquistada por entre a
poesia de uns cravos vermelhos de raiva e querer, é uma “rapariga” um pouco
mais nova que eu, mas que eu vi e vejo crescer com o orgulho que se tem com os
amigos que nunca nos deixam.
Não ofendam mais esta minha irmã que já tem quarenta e
nove anos, que brincou em criança com “Mocas” ou “Muralhas de Aço”, mas que
hoje é uma senhora respeitada e que deve dar-se ao respeito.
Quem pensa não precisa que as agremiações partidárias
ou outras pejadas de “boys” falem por si, e entre nós e qualquer atitude há
sempre um país e muita gente que sofre.
O Presidente teve toda a legitimidade para nomear
Passos Coelho como Primeiro-Ministro e a Assembleia da República tem toda a
legitimidade para o rejeitar.
Depois…
Que reine o bom senso por entre as “legitimidades” de
cada agente político e que se dê rapidamente a voz ao povo para legitimar tudo
aquilo que existe hoje em jogo e que não foi sufragado por não existir em cima
da mesa antes de 4 de Outubro.
Desculpem o desabafo numa manhã de chuva, chamem-me
todos os nomes que entenderem por justos, classifiquem-me como quiserem.
Eu continuarei a ser um cidadão que respeita o Estado
Social e as pessoas por tudo aquilo que penso e comprovadamente pelo desconto
de mais de 50% do meu salário mensal, continuarei a beneficiar da isenção de
nunca ter sido nomeado politicamente para lugar algum, continuarei a pensar
pela minha cabeça, a não desprezar ou discriminar ninguém por nada e até pela
política, a ser um adepto da liberdade, da diversidade, do meu país…
E a escrever poemas de amor todas as manhãs seguindo o
coração na expressão de um amor que é só meu e não cumpre regras, pelo menos as
mais conhecidas.
Tenho dito.
Um abraço e bom domingo.
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