Inglaterra, uma tarde de Outubro
Sentei-me
num dos cantos da lareira de onde melhor se espreita o crepitar da
lenha.
Com
um bloco assente nos joelhos, escrevo-te como se estivesses aqui comigo à
conversa; e o cheiro da madeira quando arde, tempera as palavras de um
muito informal e profano incenso.
Já
anoiteceu, faz frio, e na gente que sai da igreja após
rezar as vésperas, é possível ver gorros de lã.
Vejo-os
pela janela enquanto sinto que tu és a minha fé.
O
campo que é verde e banquete para as ovelhas que pastam
tranquilamente, já se apagou rendido ao ocaso tão precoce.
Mas
o mesmo Outono que o fez assim deixou generoso um tapete de folhas com tons
entre o vermelho e o castanho, adornos vulneráveis ao vento mas que cobrem os
meus passos enquanto caminho.
Vou
só, sentindo o aproximar de cada candeeiro pela dimensão da minha sombra... e das
sombras vou tirando imagens que um dia poderão ser palavras.
As
folhas do Outono conhecem a intimidade dos meus passos, sabem bem para quem
caminho.
Faz
frio...
Mas
com a fé, o incenso, a lenha e o amor que nos entrelaça os passos eu teci uma
manta, fi-la como que de retalhos das muitas palavras que te escrevi.
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