Os poetas também gritam golos...
Trovejou durante toda a madrugada e eu só voltei a adormecer depois da chuva ter caído copiosamente sobre a rua do meu hotel aqui em Barcelona.
Ainda li e escrevi um pouco, espreitei à janela, mas depois não resisti mais e o sono venceu.
Disto falava com um colega ao pequeno-almoço, entre um pão com tomate e presunto, e as saudades do nosso café, que é sempre melhor; saltando depois a conversa para a escrita, para os amigos, os jantares e para o futebol.
O Julian, que é adepto do Werder Bremen, gostou do livro NÓS, ficou encantando com as fotos do Ângelo e pediu-me a tradução para inglês do poema mais romântico para que o possa partilhar com a mulher.
Prometi fazê-lo.
Prometi fazê-lo.
E a determinada altura comentou:
- Eu que pensava que os poetas só ouviam música clássica, frequentavam livrarias e não iam ao futebol...
Expliquei-lhe que os poetas são seres muito atentos que saboreiam a vida sem menosprezar nada do que ela encerra, os poetas decalcam palavras sobre a própria vida e sobre os dias, e sim... nós os poetas também gritamos os golos por entre a magia de uma festa de milhões de amigos.
O Olimpo é afinal a casa onde vivemos sem menosprezar nenhuma das divisões.
Sorriu e mostrou-me então uma foto com a mulher e a filha de um ano, uma mensagem que tinha recebido esta manhã.
Comentou:
- Então isto é poesia?
Concordei com ele mas disse-lhe que há detalhes de amor onde as palavras não entram por serem demasiado mundanas perante os sentimentos.
Sorriu.
Ficámos assim pela foto e continuámos a falar da poesia que Ronaldo guarda nos pés.
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