Quando o corpo é apenas um pequeníssimo detalhe da imensa fome de liberdade
Todos
os dias escrevo por aqui aquilo que me apraz, as palavras decalcadas do que me
pede e dita a alma, sem restrições de qualquer espécie e no usufruto de um dos
valores que mais prezo: a liberdade.
A
minha liberdade que é exactamente igual àquela que reconheço a toda a gente,
incluindo todos os que estão nos antípodas daquilo que eu sou ou de tudo aquilo
que eu penso. Porque a liberdade é universal, não é património de esquerda ou
de direita, e qualquer território exclusivo e limitado que se lhe crie, qualquer
privilégio que se lhe dê ou se lhe retire, mata-a inteira por via da sua
essência.
A
liberdade morre assim, e sempre, às mãos dos poderosos “Senhores do Monopólio”
que compram ruas, as avenidas mais caras, a Companhia da Electricidade, as
Estações… e se sentem depois com poder para mandar os outros para a prisão em
nome de uma qualquer “Caixa da Comunidade”.
Destes
e de todos aqueles que por receberem “dois contos” de cada vez que passam na
Casa de Partida, fingem não ver, assobiando para o lado e bem para longe.
Nós
não queremos, não é cómodo, mas às vezes é necessário vir para a rua gritar, e
é necessário usar a escuridão destas noites que nos oferecem, para que
consigamos sonhar juntos, as madrugadas, os dias em que o sol nasce e já nos
encontra aos pulos nas ruas a celebrar a liberdade.
Tendo
embora a consciência de que a minha voz tem o peso de um grão de areia numa
imensa praia, não posso deixar de dizer aqui que apoio a luta de Luaty Beirão,
em greve de fome em Angola há mais de um mês.
É
dele que falo e da minha… da nossa liberdade.
Resistiremos
como flores azuis por entre as cores de qualquer Outono.
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