Já está quase



Quem é que no instante de subir a uma montanha se fixa no pó que se lhe vai colando aos pés, e não no horizonte que se abre metro a metro e se inscreve eterno na lembrança?
As montanhas “cresceram” para melhor e mais de perto podermos ter o céu, e quase todo o difícil do caminho se apaga na festa do instante de chegar.
O pó, as dores, as tentações de voltar atrás…
Tudo se esquece por entre a poesia de um momento que poderá ter aroma de urze ou de carqueja.
Às vezes no caminho cruzamo-nos com alguém que nos diz:
- Ainda falta tanto… não sei se irás lá chegar.
Mas os amigos dir-nos-ão sempre:
- Já está quase.
E até são capazes de nos deixarem com uma música para que o “Spotify” nos dê alento, tal qual água e repouso na subida.
Hoje tive de dizer o “está quase” a uma amiga que sobe, lembrando-lhe que os dias guardam horizontes mágicos que esperam por ela.
E porque a vida é uma rede infinita onde o detalhe de dar ou de receber se diluem na essência e nos benefícios daquilo que flui, deixei-lhe uma música que um amigo me enviou com o rótulo de “esta dá-me esperança”.

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