Mua mua
Soa
estridente a campainha da porta e um gato com ar Japonês chega ao patamar da
escada antes de mim.
Estanca
o seu passo, põe um certo ar de mistério e fica por ali curioso a ver o que
isto dá… quem é que vem lá?
Eu
poupo-me a descer os degraus de pedra e puxo a longa corda que abre o trinco.
-
Ainda bem que vieste
-
Mua mua
Que
é como quem se beija.
O
gato mia a pedir que lhe sacies a vontade de uma festa e rebola-se entre as
tuas mãos.
Depois
entramos para a sala e sentamo-nos os três, nós e o gato, enquanto entre umas
sangrias e um Gin tónico me mostras um relógio que canta, uma televisão que
dança flamenco e até uma Bimby que vai ao supermercado e consegue comprar
aquilo que de mais estranho por lá existe.
Gudgets…
e gargalhadas; sopa, grelhados e “abafadinho de castanhas”.
A
idade dilui-se sempre na voz de mel, as fronteiras calam-se num estranho falar do
Português com salero…
Tu
acabas por me contar uma história, eu conto-te a minha história e ficamos inevitavelmente
os dois a chorar entre poemas de amor.
Depois,
e porque já é tarde, vai cada um para o seu quarto e o gato prefere sempre
ficar contigo.
Já
deu a meia-noite.
-
Mua mua.
-
Até amanhã.
E
cada um na sua janela acaba sempre a mandar beijos pela lua.
O
meu amigo Carlos Lanão (Titin) cumpre hoje o seu aniversário e eu dedico-lhe
esta pequena brincadeira tecida de palavras. A corda de abrir a porta existe na
casa dos meus pais em Vila Viçosa e ele já se deliciou com ela, o gato existe
na casa dele, o “abafadinho de castanhas” é obra do Ângelo, e o resto foi
inventado pondo espaços e passos nas palavras que tantas vezes trocamos nas
mensagens escritas em que acabamos sempre os dois a falar dos nossos amores.
Carlos,
um beijo de parabéns, e por favor não te vás embora. A amizade é como a corda
lá de casa e só abre a porta, nunca a fecha.
Comentários
Enviar um comentário