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A mostrar mensagens de junho, 2019

A amnésia é o A de Portugal…

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Lado a lado com Pátria, Ousadia, Revolução, Trabalho, União, Genialidade e Liberdade, a Amnésia é, definitivamente o A de Portugal. Será de há muito evidente tal constatação, que até D. João I, algures entre os séculos XIV e XV, recebeu como cognome “O de boa memória”, talvez por ter sido uma honrosa exceção. Numa terra onde a vaidade se engraxa todos os dias pelo resgate claro, e aparentemente lúcido, das virtudes e feitos seletiva e estrategicamente lembrados e hiperbolizados até ao estatuto de heroicos, a amnésia cumpre a missão de degredo da incompetência e da ilicitude, para lá da função de “Deus me valha porque eu até nem tenho pressa”. Sem o pudor, rasgado há muito em conjunto com os “mantos diáfanos da fantasia”, os políticos e gestores passam pelas comissões de inquérito aos negócios ruinosos da banca, não se recordando de nada que os possa comprometer, fazendo de cada “não me lembro”, uma faca de gume afilado até à dignidade dos contribuintes honestos.

Renato

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É meio dia em Barcelona e acabei de aterrar vindo de Lisboa. Em muitas visitas, esta é a primeira vez que encontro a cidade coberta por um manto denso de nuvens, e chove copiosamente. Vá lá saber-se porque razão choram as cidades… A foto acima publiquei-a há precisamente um ano, a 9 de junho de 2018, com um texto a que chamei “Quanto tempo existe no espaço de uma hora”, em que relatei a minha ida ao Teatro de Cascais para assistir a uma revista protagonizada pelos “Cascotas”, um grupo sénior onde o meu colega e amigo Renato Borges e a sua queridíssima mulher, a Margarida, tinham lugar de destaque. Tirámos a foto no final do espetáculo. Fomos colegas na Pfizer durante muitos anos, trabalhámos juntos em muitos e grandes projetos, visitámos muitas cidades, mas agora encontrávamo-nos quando eu publicava um livro ou existia algum evento especial, para além, é claro, das noites europeias no nosso Estádio da Luz. O Renato estava algo fragilizado, o Benfica não entusiasmava, e por iss

PORTUGAL

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Vivemos entre a quietude e um desassossego quase sempre feito de saudade, e por tanto sonhar-nos caravela, e insistirmos navegar, tornámo-nos naquilo que somos hoje: o próprio mar. Acenamos ao Céu no meio dia de Fátima, escrevemos o futuro nas linhas que o azeite inventa entre nós e o horizonte, nas terras do sul; e a norte, multiplicamos o sol reinventado o chão em degraus de vinho que sobem desde o rio, por onde subimos com fé contrariando a morte. Dirão que somos uma pequena praia e um ínfimo instante no tempo inteiro do universo, mas o nosso espaço é o infinito que o olhar nos apregoa, e a nossa História tem dimensão de eternidade, mesmo cabendo num só poema de Camões ou de Pessoa. Acordamos a alma à noite, sob um xaile de lua, e o fado que se escuta põe na mesma rima, a festa e as dores, porque só somando as duas se dizem os amores. Mudamos o destino com cravos que colhemos da raiz da liberdade, e por uma nova madrugada somos heróis, imprevisíveis, poetas, pedre

Construir cidades...

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Fosse em casa com peças da Lego, carrinhos miniatura ou casas de cartão, fosse na rua com pedras e areia, nós brincámos a construir cidades por onde depois nunca tínhamos tempo para caminha e “viver”. As mães chamavam-nos para jantar e a brincadeira acabava ali, sendo que no outro dia, algo novo e mais interessante nos esperava para passarmos o tempo. Certo, qualquer que fosse o contexto em que nos encontrávamos nas férias de verão, era matarmos a sede nos bebedouros de mármore, partilhando-os com os pardais e todos os outros pássaros. Na semana que passou fui apresentar o meu livro “As bolachas mágicas da avó Inácia” a cerca de 400 crianças de uma escola em Algés, e uma delas, ao formular uma questão, referiu: - “A minha avó, que é idosa como o Francisco e também gosta de fazer bolachas...” Sorri-me para dentro, porque as crianças não têm filtros e todos aqueles que temos barbas e cabelos brancos... “Se deixasses crescer um pouco mais a barba poderias se