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A mostrar mensagens de novembro, 2011

Fado – Património de Lisboa, de Portugal e da Humanidade

Quem um dia te viveu, Lisboa, Conhece de cor as voltas do teu canto, E sabe que o fado que a gente entoa, É o canto da saudade em tom de pranto. A viela mais estreita do bairro antigo A que a sardinha vem dar o cheiro a mar, Oferece-me o eco para o pregão que eu digo E é palco perfeito para o fado cantar. Cerro os olhos com alma e com garra E ofereço ao corpo um ar sério ou gingão, Para que ao primeiro triste acorde da guitarra Me salte para voz o que está no coração. Um dia quis também Deus fazer Seu, Este canto luso da alma de todos nós E marca de perfeição então lhe deu Criando Amália e lhe dando a voz. E assim com esta marca de divino O fado ganhou asas e foi pelo mundo Mostrando que de Portugal é mais que um hino É saudade, é povo e amor profundo.

O parque temático

Por manifesta falta de tempo no passado fim-de-semana, tenho aproveitado os dias desta semana para ler os volumosos periódicos publicados ao sábado e domingo, que compro religiosamente e que até serem lidos, conservo na sala junto ao meu sofá. Fico a saber que: - A presidente do Parlamento Português optou por manter a reforma em detrimento do salário que lhe correspondia pelas actuais funções. É que a reforma, conseguida aos 42 anos de idade e após 10 anos como juíza do tribunal constitucional, tem o valor de cerca de 7.000 € mensais, sendo portanto superior ao dito salário; - O líder do Bloco de Esquerda afirmou que a Greve Geral de dia 24 de Novembro é, ou poderá ser, o início de um novo 25 de Abril; - O líder da UGT deixou-se fotografar na piscina de um hotel de luxo em Maputo, onde por certo se encontrava em visita de trabalho, a fumar charuto e com ares de estar no paraíso; - As sagas BPN e Face Oculta prosseguem a bom ritmo, com renovados argumentos, conseguindo superar

TUGAlidades

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Não sei se devido ao facto de nos últimos tempos, por acção desses seres poderosos e dominadores do mundo agrupados no designado e abundantemente referido “Mercado”, passarem o tempo a associar Portugal a lixo, ou então por obra de uma tal senhora Merkel oriunda da ex-RDA e filha de um Pastor Evangélico, empenhada em fazer pagar o desrespeito pelas regras da Zona Euro, com perda de soberania, o que é facto, é que hoje acordei rouco depois de ontem ter entoado três vezes o hino nacional a plenos pulmões, durante o Portugal – Bósnia que se jogou no Estádio da Luz, que ganhámos por seis a dois e que nos apurou para o Euro 2012. Haja pelo menos um Euro em que estamos por mérito, nem que seja apenas e só o do futebol. Mas voltando ao jogo de ontem, tenho de facto de vos reconhecer que durante o mesmo me apercebi de que este “pisar de calos” ao orgulho lusitano de que temos sido vítimas num passado mais recente, me aguça a garra patriota e ontem, para além do hino cantado por três vezes,

Ai, Timor!

Passaram ontem vinte anos sobre o massacre ocorrido em Dili, Timor Leste, no Cemitério de Santa Cruz, quando as forças militares Indonésias disparam brutalmente sobre civis. A presença no terreno de alguns jornalistas internacionais, permitiu que o mundo espreitasse a repressão de que os Timorenses eram vitimas desde a ocupação Indonésia ocorrida no período em que Portugal conjugava o verbo descolonizar no presente do indicativo. Quando comecei a ouvir falar de Timor, recordo-me que a palavra já rimava com guerra. No final dos anos setenta, chegaram ao Seminário de Vila Viçosa, alguns rapazes que expressando-se no mesmo Português que nós, nos falavam de uma terra distante, em guerra, e a viver o sofrimento e a dor de famílias desfeitas, separadas entre a própria guerra e a miséria oferecida pela pátria da língua mãe, ali algures para os lados do Jamor. Foi o meu primeiro contacto com Timor. Anos mais tarde, numa tarde e serão de Julho de 1984, com o objectivo de participar num Con

Luzes, câmara e… imbecilidade.

Segundo os dados da Marktest relativos a Outubro de 2011, o programa com maiores níveis de audiência na televisão portuguesa foi o jogo de futebol entre Portugal e a Dinamarca, transmitido pela RTP1 no dia 11. Este programa teve um Share de 52,5%. Dos cinco programas mais vistos, quatro são jogos de futebol, havendo também um episódio de uma telenovela. O sexto programa mais visto foi A Casa dos Segredos, transmitido pela TVI também no dia 11 de Outubro, com um Share de 35,7%. Daí até ao final do Top 10, nada mais existe para além de jogos de futebol e Casa dos Segredos. Tendo em conta estas escolhas dos portugueses na hora de manipular o comando da televisão, fica claro que em Portugal quem quiser ser famoso e ter uma elevada notoriedade junto do grande público, tem apenas três opções: jogar futebol, ser actor de telenovelas ou então disponibilizar-se para se enfiar numa casa com um bando de energúmenos a fazer as mais tristes figuras que seja capaz. Dado que às duas primeiras op

O Paço a bordo

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A edição de Novembro da revista de bordo da TAP, traz entre outros temas muito interessantes, uma entrevista com uma passageira frequente, Manuela Saldanha, Directora de Marketing da Loja das Meias. No conjunto de sugestões apresentadas relativas aos lugares “Made in Portugal” que não esquece e aos quais recomenda uma visita, Manuela Saldanha inclui o Paço Ducal de Vila Viçosa, juntamente com o Museu Nacional de Arte Antiga ou o Museu Berardo. Nós já sabemos que é um sítio único e que muito nos envaidece que seja nosso, mas é sempre bom ver assim reconhecida a beleza da nossa terra e dos seus lugares, sobretudo por gente que já calcorreou meio mundo e que trabalha e se movimenta em áreas onde se cultiva o bom gosto.

Sementes de Esperança II

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Ainda a propósito da partida do Padre Armando, uma vez regressado de Londres, não resisti a “mergulhar” no meu baú das recordações, à procura de uma imagem fotográfica que pudesse juntar às muitas e boas imagens do grupo Sementes de Esperança, que gravei e conservo num dos lugares mais seguros da memória. Encontrei esta foto que foi tirada na tarde do dia 13 de Maio de 1982, precisamente a véspera da visita do Papa João Paulo II a Vila Viçosa. Estamos no claustro do Convento das Chagas, que muito antes de ser a Pousada D. João IV, foi o nosso poiso em muitas tardes de convívio e de festa. Há um palco onde os grupos de jovens das diferentes localidades se preparavam para actuar, estando a usar da palavra, sempre no seu jeito ousado e diferente, o Padre Manuel Barros. No canto inferior esquerdo da foto, vemos o Padre Armando em conversa com os artistas da viola que nos iam acompanhar. Não se vê o rosto dos músicos mas quase de certeza que um deles é o meu amigo José Maria. De frent

Sementes de Esperança

Estaria eu a entrar na minha segunda década de vida quando o Padre Armando Tavares chegou a Vila Viçosa à Paróquia de S. Bartolomeu. Neste final dos anos setenta, o clima político era quente nas terras do sul, e frescas, eram só mesmo as memórias da revolução recente, fazendo-se do combate à Igreja Católica, uma marca forte dos dias da contestação e de uma juventude a crescer para as novas liberdades. Em contra-ciclo nesta lógica anticlerical, após os anos da catequese da instrução primária, eu e mais uns amigos, tínhamo-nos mantido unidos num grupo dinamizado pelo Padre José Luís Francisco e pela minha querida e eterna catequista Bárbara Elisa. O Padre Armando chegou e juntou-se a nós para nos conduzir até aos dias mais bonitos e felizes das nossas vidas. Com uma paciência infinita, uma generosidade sem igual e a humildade que gera as maiores cumplicidades, o Padre Armando “aturou-nos” na idade difícil e insuportável das nossas certezas absolutas, levando-nos pela mão por esses tr

Feira dos Santos

O dia do ano em que a estrada de paralelos entre Vila Viçosa e Borba se tornava mais curta era sem dúvida o dia 1 de Novembro. E o motivo era a Feira dos Santos na localidade nossa vizinha. A pé, de bicicleta, de moto, de carro ou de autocarro na versão de permanente vai-vem, tudo servia para nos ajudar a percorrer os cinco quilómetros de um caminho que antes da explosão do mármore, era ladeado por olivais e muros caiados de branco. Em família, com os meus pais, o meu irmão, os meus tios, os meus avós, e anos mais tarde já com os meus amigos, sempre elegemos o autocarro como nosso meio de transporte. Apesar das filas no Rossio junto ao mercado serem habitualmente grandes, sempre tínhamos a oportunidade de pôr a conversa em dia com algum parente ou amigo que estivesse por perto. Apesar do Outono, o tempo geralmente ajudava. A excepção terá sido mesmo o ano em que a força da chuva e o peso da água, fizeram com que uma tenda caísse em cima da minha amiga São Duarte. Não me recordo de