Pedrogão
As árvores, que insistem morrer de pé, permanecem como guardiãs do silêncio que deixámos atrás de nós. Sim, nós partimos com a urze e os pássaros para a viagem dos poetas, dos Homens que se agarram ao sol e não o deixam fugir no fim de um sábado qualquer, preferindo puxar sobre sim o manto de um céu azul e permanente. Quando olharem a cinza que deixámos sobre os montes, não solucem jamais os nossos nomes, o fogo que se vê e se cola à pele, não incendeia e não queima a alma, apenas o outro, o fogo feito das chamas transparentes do amor, consegue fazê-lo, mas sempre para nascer e para poder voar. Nós somos a alma, e a alma permanece. Quando olharem as fontes, não as culpem de omissão no juízo de um qualquer tribunal, nós trouxemos o canto fresco das águas atado aos versos dos poetas, e sentimo-lo enquanto rasgamos o tempo batendo as asas. Não chorem por nós, e nem de saudade da urze, da copa verde das árvores e do canto dos pássaros. Se disso sentirem tentação, olhem o c