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A mostrar mensagens de janeiro, 2011

La Dolce Vita

Há sítios que quanto mais visito, mais vontade tenho de lá voltar. Esta semana estive dois dias em Roma, muito pouco tempo para a vontade que me impelia a ficar por lá mais tempo. Impõe-se portanto voltar. Apesar do pouco tempo livre extra trabalho, ainda tive tempo para comer um gelado na Piazza Navona (gelado sem açúcar, porque o grande número de diabéticos abre um novo segmento de mercado), beber um Cappuccino em Santo Eustáquio, comer um Risotto de Cogumelos numa tasquinha com marca de início do século 20, tendo terminado o passeio a admirar a Fontana de Trevi, a comer umas castanhas assadas e a tentar abstrair-me dos Japoneses loucos a atirar os seus Yen’s à água, para poder mais uma vez reviver com a memória esse eterno beijo de Marcelo Mastroiani e Anita Ekberg, no filme Dolce Vita, de Fellini. Pelo caminho ainda entrei na Igreja de Santo António dos Portugueses, a melhor “embaixada” que poderíamos ter ali numa esquina tão discreta da Cidade Eterna. Por esta minha descrição pode

O aroma do Jasmim ou o sabor da Democracia

Com um efeito de dominó, começam a ruir sucessivamente as ditaduras há muito instaladas no mundo árabe. Depois da Tunísia, e do afastamento compulsivo do presidente Ben Ali, é agora a vez do Egipto, onde o povo nas ruas pede o afastamento do “eterno” Hosni Mubarak e a abertura do regime, com novas e melhores oportunidade para o futuro. Outras revoltas se anunciam e por certo, o mapa político do sul do mediterrâneo dentro em breve será completamente diferente. Há uma imensa legitimidade nesta revolta, ela é a reacção natural de quem vive numa pobreza extrema, e vê os líderes políticos a eternizarem-se no poder, engrossando as suas fortunas ao ritmo da passagem dos anos em que vão impondo os seus regimes, transformando os regimes republicanos em verdadeiras monarquias absolutistas. É e será sempre legítima uma revolta, quando ela tiver raízes nos anseios de pão, dignidade, liberdade e justiça. O que hoje assisto na Tunísia e no Egipto, a chamada Revolução de Jasmim, leva-me inevitavelmen

Presidenciais 2011

Cai o pano sobre as presidenciais de 2011 com o presidente Cavaco Silva reeleito logo à primeira volta. Ainda não foi desta que um presidente em exercício perdeu a reeleição ou foi obrigado a uma segunda volta para o conseguir. Foi sempre assim desde o 25 de Abril de 1974, com Eanes, Soares, Sampaio e agora Cavaco. Ao grande derrotado desta noite, Manuel Alegre, duplamente derrotado por Cavaco, hoje e em 2006, resta-lhe a consolação de que já venceu uma vez…, em 1976, o Festival RTP da Canção, como autor da letra da canção vencedora. São muito poucas as hipóteses de Cavaco Silva poder um dia vir a igualar esse feito, a não ser que a “Primeira-Maria”, pelo que consta dada às coisas da poesia, dê uma ajuda. A canção chamava-se “Uma flor de verde pinho”, tinha música de José Niza e foi interpretada por Carlos do Carmo. Era e é uma belíssima canção, por certo uma das melhores que enviámos à Eurovisão. Recordam-se da letra? Eu podia chamar-te pátria minha dar-te o mais lindo nome português

Eu já votei!

Segundo os dados da Comissão Nacional de Eleições, ao meio-dia de hoje, a afluência às urnas de voto era de apenas 13%. É um número ridículo e que expressa o alheamento total com que a generalidade da população encara esta escolha para a Presidência da República, a eleição para a primeira figura do estado Português. Se nos fixarmos nas dificuldades que o país enfrenta actualmente e nos inúmeros desafios que se nos colocam como nação, ainda se torna mais incompreensível esta demissão de responsabilidade por parte da maioria da população. Eu sei que a escolha é difícil, porque perante o espectáculo degradante a que assistimos nas últimas semanas de campanha eleitoral, na hora de votar o que mais apetece é… ficar em casa à lareira. Que os dias, assim como os ânimos e as vontades, andam terrivelmente frios. Mas eu já votei. Desde que atingi a idade que permite o acesso às urnas de voto, só uma vez é que o não fiz, e foi porque me encontrava no estrangeiro e não tinha forma de poder votar.

Ute Lemper

No serão da passada terça-feira tive o privilégio de assistir ao espectáculo de Ute Lemper, no Teatro Camões, em Lisboa. Nascida em Munique mas Berlinense de alma, Ute Lemper esteve duas horas em diálogo com um piano e um acordeão, para nos contar em belíssimas canções, a história da velha Europa durante o século XX, fazendo com que dos Cabarets da velha Berlim, partíssemos para uma viagem pelos lugares, pelos tempos e pelos protagonistas dessa mesma história. Piaf, Brell, Kurt Weill, Brecht foram apenas alguns dos companheiros inesquecíveis desta viagem, ou não fossem eles interpretes ou autores de histórias em forma de canção, que se nos impuseram pela inspiração e pela verdade, sendo hoje retalhos da nossa própria história. Ute Lemper não tem hoje por certo, a jovialidade com que arrebatou prémios em musicais pela Broadway ou pelo West End, mas se o tempo lhe roubou essa jovialidade, compensou-a com a autenticidade e a alma, que transformam as suas interpretações em obras de arte, e

Norte e Sul, ou tão-somente PORTUGAL

Por motivos profissionais tive esta semana que me deslocar ao Porto e ficar por ali dois dias. Não faço nenhum sacrifício, o Porto é uma cidade fantástica. Ao deslocar-me a uma loja para fazer uma compra, porque o acto de embrulhar estava difícil e porque eu detesto o silêncio e não consigo deixar de meter conversa ao estilo “político em campanha”, lá fui dizendo à simpática senhora que me atendia, que para mim é sempre um prazer fazer compras no Porto. Ao que obtive como resposta: - Só podia mesmo. Então se está habituado à antipatia de Lisboa, não podia ser de outra maneira. E aí pensei: - Pinto da Costa ataca de novo! Sem querer entrar em guerra, até porque já tinha pago e queria mesmo que o embrulho fosse feito, lá fui dizendo que em todo lado há gente simpática e antipática, seja no Porto, em Lisboa ou até na minha terra, no Alentejo. E diz logo de seguida a lojista: - Ah, mas no Alentejo as pessoas são como aqui, são fantásticas. Em Lisboa é que não. A guerra norte-sul é então, a

Ser ou parecer

Fazem parte do menu dos noticiários com cada vez maior frequência mas mesmo assim não consigo habituar-me e deixar de ficar chocado com notícias como a que por estes dias envolveu a morte de um conhecido jornalista Português algures num hotel em Nova Iorque, tudo indicando que o responsável pelo homicidio seja um jovem de 21 anos, também Português, candidato a modelo e em busca da fama. Confesso que não nutria grande apreço pelo trabalho do jornalista em causa pois a minha relação com as revistas ditas de sociedade e a imprensa mais sensacionalista é de bastante distância, praticamente só me cruzo com elas nas salas de espera dos consultórios ou nas bancas onde me acerco para comprar os jornais. Mas esse facto agora pouco importa e na análise deste caso, centro-me no valor da vida humana, que para mim está e estará sempre muito acima das particularidades do ser de cada um. Não reconheço por isso legitimidade para em circunstância alguma, se roubar a vida a alguém. Sou inclusive convict

BPN / BPP

Por entre o aumento do IVA, a troca de palavras entre o Mister Villas Boas e o Mister Jesus, as dúvidas sobre a mãe do filho do Cristiano Ronaldo, a chuva que nunca mais pára, a saída da Júlia Pinheiro para a SIC, etc, etc, não sei se já se deram conta de que estamos em campanha eleitoral para a Presidência da República? É verdade. Há por aí seis candidatos ao lugar, ao que parece numa luta muito acesa entre eles e os seus mais próximos, despertando tanto interesse na população Portuguesa em geral, como despertaria um campeonato de matraquilhos no Café Central de Freixo de Espada à Cinta. Confesso-vos que sempre que me disponibilizei a dedicar algum tempo ao assunto, quer espreitando os debates, quer lendo algo sobre a posição dos candidatos e o porquê das suas candidaturas, me enfastiei e saí rápido. É mau de mais. Ninguém discute ideias e apenas se discute a honra ou a falta dela. Ninguém confronta posições sobre o exercício da função de Presidente da República e apenas e só se gasta

Campeões da ilusão

Em 1988 durante os Jogos Olímpicos de Seul, senti uma emoção enorme ao ver pela TV, em directo, aquilo que pensei ser o record do mundo dos 100 metros, com um todo poderoso Ben Johnson a bater a concorrência e a alcançar um tempo quase considerado impossível. Quando dias mais tarde se provou que o Canadiano estava sob o efeito de substâncias dopantes, tendo sido desclassificado, jurei a mim próprio que jamais me deixaria “enganar”. Mas neste tipo de decisões a memória é sempre curta demais porque há sempre em nós uma vontade de a contrariar, pela força de querer voltar a acreditar, de querer voltar a entrar no âmbito dos sonhos. 2004, Jogos Olímpicos de Atenas, ali estava um Português de coração, Francis Obikwelu, exactamente na final dos 100 metros, a intrometer-se entre os Norte-Americanos e a conseguir a medalha de prata. Como não voltar a acreditar? Eu encontrava-me de férias em Veneza e ali num café junto à Praça de S. Marcos, rodeado de Italianos aos gritos, como não voar eu tamb

Feliz 2011!

O tempo foge e só nos resta este e mais 364 dias para colocar uma marca de sucesso em 2011. Torna-se então imperioso, mandatório mesmo, conjugar o verbo VIVER no presente do indicativo, não adiando nem por um segundo, a concretização de todos os projectos que nos levem de encontro aos sonhos, especialmente aos sonhos maiores. A sorte e o acaso também existem, resultando dos factores que não podemos controlar, mas eu acredito firmemente que somos nós os principais agentes na construção de tudo o que mais ambicionamos, somos nós os arquitectos, os engenheiros, os pedreiros, os carpinteiros, os pintores, os electricistas..., de tudo aquilo que genericamente designamos por felicidade. Então, muito ânimo e muita alegria, nesta tarefa de fazer deste tempo, um tempo único, inesquecível. Saúde, paz, amor, trabalho… Que tudo isto rime com o vosso 2011, um ano em que vos peço, continuem por aqui pelo Pomar das Laranjeiras. Feliz Ano Novo!