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A mostrar mensagens de outubro, 2011

No poupar é que está o ganho

Os especialistas em demografia estimam que durante o dia de hoje nascerá algures no mundo uma criança que fará com que a população mundial atinja o incrível número de sete mil milhões. Sendo difícil de identificar com precisão o local onde ocorrerá esse nascimento, a Índia, país com níveis de natalidade muito elevados, surge como o berço mais provável para essa criança. Se pensarmos que em meados do século XIX a população mundial era de aproximadamente mil milhões, vemos como o século XX foi explosivo em termos demográficos, ritmo que parece manter-se no século XXI pois desde que entrámos nos anos de 2000, a população já cresceu mil milhões. Não deixa de ser interessante, a coincidência do nascimento deste habitante sete mil milhões ocorrer no Dia Mundial da Poupança, pois na ordem do dia está mais do que nunca, a existência e a disponibilidade de recursos que permitam qualidade e dignidade para a vida de todos os seres humanos do planeta terra. Para essa qualidade nunca contribuir

Alpendres, orgasmos e … vinho verde

Estimulado por uma excelente imitação do actor Manuel Marques no programa Estado de Graça, não resisti a espreitar por esse cyber buraco da fechadura que é o YouTube, entrando por escassos momentos no mundo até então para mim desconhecido que é a Casa dos Segredos, verdadeiro “Estupidiário”, onde se encontram em cativeiro alguns exemplares da estupidez nacional, que ao que parece e para grande pena nossa, não estão em vias de extinção, estando pelo contrário em grande desenvolvimento. Com um ar feliz, super divertido e sem a mínima expressão de incomodidade, há uma concorrente que demonstra desconhecer o que é um alpendre, durante uma aula de geografia em que lhe entregam um globo terrestre para o qual ela olha com o mesmo ar inteligente com que um jerico mira um palácio. Saberá Deus em que outros globos ou bolas se empenhará ela em mexer com mais assiduidade e gosto! Mas esta Miss Alpendre 2011 não é exemplar único e descobre-se mais tarde que todos os presentes nesta residência qu

João

As crianças temperam de esperança a nossa vida, e os seus olhares, o seu riso, os seus sonhos e ilusões, são o melhor e mais eficaz antídoto para as agruras que os nossos dias por vezes nos oferecem. O segredo é sabermos sair da nossa cátedra de adultos e não ter vergonha de entrar no seu mundo que nos devolve sempre aos tempos em que fomos crianças, os tempos em que vivíamos munidos da força de acreditar, da coragem para galgar impossíveis. O meu sobrinho João cumpriu hoje seis anos de vida e na festa que fez com os seus amigos, todos com meia dúzia de anos de idade, bebi e alimentei-me dessa magia, da cor e da alegria que gostaria jamais poder esquecer e sempre conservar em lugar cativo no mais íntimo de mim, tornando mentirosa a imagem exterior da carapaça carcomida pelo peso dos anos, marcados a rugas e cabelos brancos. Pelo que vos conto, e ao contrário do que possam pensar, nesta minha relação com o João, relação de tio e sobrinho, é ele o meu mestre pelas lições de vida, ener

O povo unido

Numa entrevista a que assisti esta semana na RTP Memória, uma fadista pertencente a essa classe elitista dos intérpretes do fado de salão, manifestou o seu incómodo quando o entrevistador, o excelente profissional Eládio Clímaco, de uma forma perfeitamente apolítica, desabafava que o povo deveria ser mais unido. Pelos vistos persistem as saudades do Estado Novo ou então o que persiste é a síndrome pós-traumática do PREC, esse momento da revolução em que o povo gritava com legitimidade e naturalidade que unido jamais seria vencido. A semana decorre e no contexto das notícias emergem dois nomes: ETA e Kadhafi. Após anos de atentados terroristas e de milhares de vítimas mortais, a ETA, o grupo separatista Basco, anunciou o fim das suas actividades, pondo um ponto final nessa guerra hipócrita que é o terrorismo, uma actividade que jamais ganhará legitimidade por mais nobre que seja a causa e o ideal. Kadhafi, ditador, tirano, excêntrico e líder louco da Líbia, após décadas de ditadura

As marcas do parecer e as marcas do ser.

Foi com alguma perplexidade que esta semana ao receber o extracto trimestral da minha conta bancária, verifiquei que o mesmo vinha acompanhado de um desdobrável que publicitava uma linha especial de crédito para a aquisição de produtos de luxo de uma muito conhecida marca internacional de canetas e de acessórios para homem. O meu espanto prende-se por um lado com o facto dos bancos continuarem a fazer apelo ao crédito para a aquisição de produtos de luxo e perfeitamente desnecessários, no momento em que muitos dos clientes que recorreram no passado a estas auto-estradas para o consumo, não têm capacidade para pagar as suas prestações, e por outro lado, pela dificuldade em aceitar que no actual enquadramento de crise, haja alguém que admita poder dizer sim a esta sugestão de compra. Nem sei porque ainda me surpreendo com estas situações. Há muito que deveria saber que os tempos que vivemos são tempos mais de parecer do que de ser, e que a busca ou reforço de um estatuto dado por uma

2012

Há algum tempo atrás andou por aí um filme que, com base numa profecia antiga, ficcionava o fim do mundo em 2012. O mundo não sei se acabará efectiva e realmente no próximo ano, mas para nós Portugueses, o Natal e as férias já morreram de vez. Pode ser um principio… A vida funciona em ciclos e já todos deveríamos ter aprendido que à bebedeira se segue a ressaca, ao Carnaval a Quaresma e a uma refeição abundante, o pagamento de uma factura gorda. Já deveríamos saber mas por vezes esquecemo-nos ou então fazem-nos esquecer essa dura realidade transportando-nos para o reino da ilusão e da fantasia. Há vinte e cinco anos atrás, recordo-me, éramos um povo pobre: havia fome em Setúbal, no Vale do Ave e em muitas outras regiões do país, havia muito desemprego, salários em atraso, falências de empresas, etc. Entrámos na União Europeia, então CEE, e de um momento para o outro, tornámo-nos ricos. Construímos auto-estradas, pontes, túneis e rotundas, organizámos Exposições Mundiais e Europe

Doce

A visita que uns amigos de Lisboa me fizeram a Vila Viçosa neste fim-de-semana, tirou-me de casa na noite de sábado, nas horas em que habitualmente já estou imerso nos lençóis, contactando com a “movida” calipolense dos bares da zona do Terreiro do Paço, apenas pelo ruído que até de madrugada, as trupes de adolescentes e jovens resolvem fazer por debaixo da janela do meu quarto. Desta vez foi diferente, e fui vê-los. Passámos pelas portas dos bares mais conhecidos na tentativa de encontrar um que nos agradasse. É claro que o meu desconhecimento dos locais não ajudou nada na escolha. Pelas ruas e à porta dos bares, o facto de não conhecer a maioria das pessoas, e a forma como era olhado com prova de manifesto desconhecimento, deu-me logo essa estranha e incómoda sensação dos “penetras”, sentindo-me um estranho apesar de estar na minha própria terra Acabámos por optar por um dos locais mais antigos e cujo nome me era mais familiar. Resolvemos entrar, claramente à descoberta. Logo

Telelixo

Faz hoje precisamente 19 anos que acabou em Portugal o monopólio da RTP, com o início das emissões da SIC. Confesso-vos que sempre alimentei uma enorme expectativa relativamente ao aparecimento das televisões privadas, sobretudo para que fosse possível ter uma informação mais isenta relativamente à sempre governamentalizada estação do estado, por esses tempos de maiorias cavaquistas, de cor escandalosamente alaranjada. Para além disso tinha a natural expectativa de mais variedade e melhores programas. Confesso-vos que passados estes anos, e apesar de continuar a pensar que é importante termos mais do que apenas o canal do estado, e até não me perturbar a ideia de um do canais da RTP poder ser privatizado, sendo apenas uma questão de coerência, pois há já muito tempo que a RTP1 alinha pelo mesmo diapasão das privadas, tenho de reconhecer que a qualidade que eu esperava da diversidade, não foi concretizada. Basta pensar em programas como o Perdoa-me, All you need is love, Amiga Olga,

República

Há quanto tempo vos traímos heróis da Rotunda, inventores da república, sonhadores de uma pátria de justiça e igualdade, lutadores sem medo por um tempo novo e uma lusa alma renascida em nova fé e novos ideais. Neste pouco mais de um século, em quantos dias nos esquecemos ou nos fizeram esquecer da liberdade, vivendo cativos e saboreando este amargo fel de ter de ser aquilo que o coração não nos manda ser. Quantos dias de fome, de escravidão, de cansaços, de tormentas e luto. Quanta resignação ao fado de um destino assumido assim pobre e triste. Quantas ilusões em madrugadas que acreditámos seriam de um tempo novo, que nos fizeram sair à rua de braços dados e cravo rubro ao peito, a gritar que a mudança seria agora e nos entregaríamos a um novo destino. Quanta desilusão nesta descoberta da ausência de heróis, na consciência da esperança soterrada pela ganância vil dos que vestem a capa do patriotismo mas que são monstros cruéis que querem apenas ter, e sobreviver, nem que para isso

Viva a música!

Hesito entre assumir se a minha vida dava um filme ou uma telenovela da TVI, mas a avaliar pelo já elevado número de episódios, muitos deles “escabrosos”, talvez a segunda hipótese seja mais realista. Sobre o que não tenho a menor dúvida, é de que seja uma coisa ou outra, nunca lhe faltará uma rica e variada banda sonora. Hoje é dia mundial da música e decidi partilhar convosco algumas das canções que pela arte das suas palavras, melodias ou interpretações, ou tudo isso junto, sublinharam momentos importantes da minha existência. Não estão ordenadas por nenhum critério particular e acreditem que faltam aqui muitas outras que talvez num outro dia venha a partilhar convosco. Gaivota (Amália Rodrigues) À medida que se cresce e que o coração se exercita na arte de amar, aprende-se o real valor da saudade. Alexandre O’Neill fala como ninguém de Lisboa, do amor e da saudade, e a voz de Amália, a mais fiel expressão sonora do coração português, dá o toque de perfeição a uma canção que v