Mensagens

A mostrar mensagens de 2012

2012

Os últimos dias de cada ano são legitimamente dados a balanços, e aqui pelo Pomar das Laranjeiras, é tempo de cumprir uma tradição e chamar as laranjas pelos seus justos atributos: LARANJA DOCE – O exercício da cidadania / 15 de Setembro O povo “sugado” pelas políticas de austeridade demonstrou que tem voz e que não se cala perante a injustiça dos ataques do Estado aos benefícios sociais e aos seus direitos, mesmo os mais insignificantes e mínimos. Quem andou pelas ruas de Lisboa, do Porto e das restantes cidades Portuguesas, sentiu que acima dos partidos e de todas as organizações mais ou menos reivindicativas, estará sempre o povo, unido e a uma só voz. Que nunca se nos morra o fôlego. LARANJA AMARGA – Troika / Merkel A Troika e Angela Merkel são as duas faces do “nosso” Euro. No posfácio da II Guerra Mundial, o conflito passou para os territórios da economia, inspirado como sempre nessa ariana ambição do esmagamento dos povos do sul da Europa. O ataque ao Euro,

Um jantar perfeito

Conta-se que em Vila Viçosa há já alguns anos, dois amigos adolescentes resolveram preparar uma expedição à lua. Com a ajuda da caixa de um frigorífico, onde se colocaram juntamente com um gato de estimação e uma lata de salsichas que lhes facultaria o alimento, activaram umas acendalhas e uns restos de pólvora trazidos das pedreiras de mármore. O resultado foi tão explosivo que no instante imediatamente após, um deles terá mesmo questionado o outro sobre se já estariam em órbita, quem sabe mesmo, se já teriam comprovadamente o direito a se intitularem herdeiros do Neil Armstrong. Ontem fomos vinte e cinco amigos à mesa do jantar. Um subgrupo de oito elementos, com média de idades a rondar os doze anos, agarrou-se aos i-pads, i-pods, i-phones e a uns belos bitoques, e, todos eles se portaram como uns verdadeiros senhores. O comportamento menos racional morou definitivamente ao lado. O outro subgrupo, com uma média de idades a rondar os quarenta quase cinquenta anos, entre a v

Mais uma dose de alcunhas

Durante o recente lançamento do Pomar das Laranjeiras em Vila Viçosa, o meu amigo Manuel Almas leu como só ele sabe, o post “A pátria das alcunhas” que aqui publiquei no inicio do ano. O sucesso do texto foi tal que os presentes na sessão me têm recordado algumas das alcunhas de Vila Viçosa que não estão naquele texto, sugerindo-me uma nova publicação. Ela aqui está e para que haja alguma ordem na sua apresentação, agrupei-as por categorias. Começo pelos números. Consta que na sua génese poderão estar os números mecanográficos na hora da inspecção militar, o número dos sapatos que melhor se adaptam aos pés, e, saberá Deus, que outras medidas ou que outras partes do corpo poderão estar envolvidas. O que é certo é que por cá temos um “Dezoito”, o “Vinte e um”, o “Quarenta e cinco” e a “Setenta”. Na classe dos animais, a variedade é grande: o “Burro”, a “Vaca”, o “Boi”, o “Andorinha”, o “Melrinho”, o “Macho”, a “Galinha”, o “Pinto choco”, o “Pardalinho”, o “Sapo”, o “Carneirinho”

O período regenerador de entre Natal e Ano Novo

Vão frescos mas de sol, os dias de entre Natal e Ano Novo, aqui pelo Alentejo. A casa ainda está repleta de filhós, azevias, nógados e outros doces, e não é que tudo nos sabe ainda melhor neste período após o Natal? Sem humidade, as filhós mantêm-se estaladiças e estão como novas, e valha-me então a Metformina para evitar que os meus açúcares trepem a níveis vergonhosos num profissional de saúde. Com o estômago assim confortado, por vezes até de forma excessiva, também a alma descansa e se prepara para mais um ano de Troika, assim ao jeito de estágio de pré-época das equipas de futebol. Muito descanso, muita leitura, muita escrita, muita conversa, muitos passeios a pé, muito pouco automóvel, muito pouca gravata e mocassins, e sobretudo, muita descontracção. Ontem até tive tempo para ir ao mercado e feira semanal. Há muito que não ia e fiquei surpreendido pelas inovações. A primeira foi ter descoberto que as tendas de venda de roupa já têm gabinetes de prova e foi ver as

O Dia de Natal

Nunca saberei ao certo qual o dia em que no verão de 1966 e após o meu nascimento, a minha mãe saiu comigo pela primeira vez da nossa casa à Rua de Três, onde nasci, e cumpriu o preceito das mulheres de Vila Viçosa que sempre definem como meta desse primeiro passeio com os seus filhos, o altar da Senhora da Conceição, oferecendo-nos e pedindo protecção para a vida. Um dia, um Rei, aqui, ofereceu um Reino, e as mães, dão continuidade ao seu gesto, oferecendo a sua melhor e mais infinita riqueza. Hoje, Dia de Natal de 2012, quarenta e seis anos depois, subi ao Castelo para a Eucaristia, e sentado na mesma Igreja, envolto no conforto dos sorrisos e do afecto da minha gente, duvidei das quase cinco décadas que entretanto passaram porque nem a noção clara das minhas barbas brancas, me privou desta doce sensação de voltar a ser menino. Talvez porque na casa e nos braços das nossas mães, somos eternos meninos. Ou talvez por ser Natal… E por ser Natal, passei grande parte da tarde

A noite de Natal

Foi não só o frio que nos convocou para redor desta camilha onde por debaixo arde e nos conforta, uma braseira onde brilha intenso o picão que nasceu da lenha de oliveira. Em cima da mesa há filhós, azevias, nógado, e daqui a muito pouco chegará a fumegar, um doce chocolate quente feito a partir de um saco de pó de mistura que comprámos na Pérola Calipolense. Rimos, cantamos e pomos as mais intensas marcas de festa nos sorrisos e sobretudo nos olhares. Obrigamo-nos a fixar no que há de mais positivo. Esta noite nasceu para ser de paz e para dela nos atestar a vida, garantindo-a em todos os dias do nosso futuro. Não há espaço para o silêncio, e nem a televisão que ouvimos em fundo, nos impede a partilha das palavras nascidas das memórias de outras noites como esta. Quase sem que nos demos conta, estamos à mesa com todos os que partiram há mais ou menos tempo, porque a memória tem esta virtude de jamais deixar morrer todos aqueles que habitam os territórios dos nossos afectos.

Eternidade

No gozo de um privilégio único, abro a porta de casa e saio para a rua que cheira a erva molhada, surpreendido pela intensidade do brilho do sol que em círculo gigante e em tons de entre amarelo e laranja, majestoso, nasce por detrás dos altos montes que no perfil do meu horizonte me enquadram o Cristo Rei. Pela cumplicidade de azul que o sol revela, jamais saberei dizer se é Tejo ou Mar, a imensidão de água que no cumprimento do mais luso e marinheiro dos destinos, para ocidente me atrai e por impulso genético me impele a desviar para si o meu olhar, enquanto o corpo aquece a cada gole, impulso de gosto e aroma da generosidade de um café. De onde estou, não vejo a cidade, escondida por Monsanto, mas esta festa de cor traz-me de repente à lembrança, o doce e mágico sabor do presságio das madrugadas de Lisboa, a cidade perfeita, que por esta hora, em namoro de luz, se entrega ao sol que nasce, oferecendo-lhe a mais completa palete de tons claros de ocre e rosa, sob os socalcos def

Tostãozinho para o Menino Jesus

Por esta altura do ano, quando se aproxima o Natal, se há coisa que me tira do sério, é a presença junto às registadoras dos estabelecimentos comerciais, de umas caixinhas destinadas a recolher as moedas dos clientes, tendo por perto mensagens do género: “Os funcionários deste estabelecimento desejam a todos os clientes, um Feliz Natal”. Há caixas para todos os gostos, desde as mais rústicas forradas à pressa com o mais reles dos papéis de embrulho comprado nos “chineses” e um buraco para as moedas aberto grosseiramente à tesourada, até às mais elaboradas e requintadas, com adereços natalícios como micro árvores de Natal, estrelas, presépios ou mesmo algum Pai Natal de peluche montado na borda de cestinhos de vime. As frases também variam muito, assim como o tipo de caligrafia das mesmas e que as torna mais ou menos perceptíveis, sendo sempre de registar, as derivações em volta da palavra “prosperidade”, que aplicada ao novo ano tanto pode chegar a próspero como a propriedade.

Sardinheiras de aço

Os dias do Natal oferecem-nos sempre esse benefício adicional da destruição das desculpas que durante o resto do ano nos impedem de estar juntos. É assim em relação à Dulce e à Teresa. Conheci a Dulce em 1990 quando logo após terminar o curso, fui trabalhar para uma farmácia em Lisboa, a Farmácia Universal. Facilmente encontrámos infinitas cumplicidades, nascidas de tudo, mas sobretudo de um enorme gosto por viver e uma natural propensão para saborear ao detalhe tudo o que de melhor a vida nos pode oferecer. E para além disso, ou talvez por isso, o que nós gostamos de rir e o tanto que nos divertimos juntos… Na farmácia, começávamos a manhã, um pouco antes das nove e enquanto vestíamos as batas, a ouvir as crónicas do Herman na TSF, e daí até à noite, à hora de fechar, com a Yvette Marise, o Bernardo Teixeira da Cunha ou o Zé Estebes, oferecíamos a todos os nossos clientes, essa oportunidade de levarem para as suas casas, mais do que saúde na forma de caixinhas, uma melhor

Sem abrigo

A chuva não me perturba, nem por cair assim tão intensamente, enquanto espero que o semáforo dos peões se ilumine de uma intensa cor verde. O que é a chuva quando comparada com a dor deste vaguear sem rumo? Os carros aceleram e tenho a certeza de que nenhum condutor ou passageiro dá por mim. Já faz muito tempo que não saboreio o gosto de cruzar o meu com o olhar de alguém. Será culpa deste meu ar andrajoso? Desta barba e cabelos descuidados? Serei o reflexo no espelho e o medo de um possível destino? Será a vergonha pelo incómodo que causo às consciências? Adoro a noite e não só porque me esconde. Quando me deito na calçada entre os jornais e os cartões, o álcool aquece-me e facilita-me o sono que me transporta para a única porta que a vida me mantém aberta: os sonhos. Não fossem eles, e diria que tudo o que tenho cabe dentro deste saco de pano sujo, do qual jamais me aparto. Até a fé me deixou, ao mesmo tempo que a memória me levou as palavras que os meus lábios já não con

A ceia de Natal

A chegada tem esse inesquecível sabor doce do beijo dos avós, enquanto na casa há aromas de sobro a arder na chaminé, alinhados com o bacalhau, as couves e as batatas que sobre a mesa aguardam o tempero do azeite, para que a fios de ouro líquido se debrue a festa que a todos nos chamou. Ao redor da mesa, há sorrisos e sobeja afecto nas palavras, nos olhares e até no mais simples gesto. É a alma a usar todo o corpo no expressar da sua felicidade. O fim do jantar convoca-nos para a lareira acesa onde uma ronca ou zabumba que fazemos vibrar por entre as mãos molhadas, com o crepitar da lenha, dá o mote para o canto ao Menino que esta noite nos impõe à voz. Enquanto isso, na cozinha, o bulício das mulheres assegura a ceia. O sino toca e chama-nos à missa que é do galo e a que acudimos pronto, fingindo sempre não reparar que o pai ficou para trás, possibilitando dessa forma que a magia dos presentes trazidos pelo Menino Jesus se possa cumprir no momento do nosso regresso a casa.

As heranças que perpetuam a alma

Quando de repente gozo o último feriado no dia da Restauração da Independência de Portugal, quando vejo a freguesia onde eu nasci ser “engolida” por uma outra, depois da saída da RTP do Eurofestival e do quase inevitável apoio que no certame do próximo ano eu terei de dar à Espanha, quando me cruzo em Vila Viçosa com uma criança vestindo um capote cor-de-rosa fluorescente, prova evidente de que a japonesa Hello Kitty já atacou o traje regional alentejano, depois de os colombianos nos comprarem a TAP e dos chineses nos terem comprado mais de metade do país, é natural que manifeste as minhas muito sérias preocupações sobre a preservação da identidade nacional. É que não dá jeito nenhum que a globalização e a sua aliada e quase siamesa crise financeira, se nos “mate” o ADN definidor da mais pura lusitanidade. E isto não é nacionalismo bacoco e nem sequer uma síndrome pré-xenofobia, é pura e simplesmente o assumir de uma História de muitos séculos, exactamente naquilo que há de mais

Pedofilia

Caríssimo Padre, Não me sentia motivado a escrever sobre o tema, mas a sua homilia de ontem na missa da Imaculada Conceição, impulsionou-me definitivamente a fazê-lo. A pedofilia é um crime hediondo, merecedor da mais veemente condenação e tenho muita dificuldade em reconhecer o direito a dó ou piedade, por ínfimos que sejam, para quem a pratica. Considero que os casos devem ser cuidadosamente investigados para que os comprovadamente pedófilos possam ser devidamente julgados e condenados. E o pedófilo será sempre o indivíduo que pratica o crime, com independência de ser homem ou mulher, casado ou solteiro, familiar ou não, homo ou heterossexual, padre ou leigo, etc. Qualquer extensão da condenação que parta do indivíduo para o grupo onde ele se insere, é abusiva, injusta e muito perigosa. E esse tomar do todo por uma das partes, tanto pode acontecer por erro de quem acusa como por excesso zelo de quem não resiste a defender os seus pares. Por isso, vai desculpar-me mas af

A fé e o amor na manhã da minha terra

Todos os anos, na manhã do dia 8 de Dezembro, a Banda Filarmónica União Calipolense, sai às ruas de Vila Viçosa. Começa por saudar a Senhora da Conceição, na sua igreja construída por Nuno Álvares Pereira no castelo, a primeira igreja dedicada a Nossa Senhora da Conceição que foi erigida em toda a Península Ibérica, e o local onde em 1646 e após seis longos anos de luta pela restauração, D. João IV entregou a sua coroa à Virgem, tornando-a Rainha e Padroeira do Reino de Portugal. Imediatamente depois, a Banda dirige-se ao busto de Florbela Espanca e saúda-a também neste dia que é o do seu aniversário, e simultaneamente o dia que assinala o seu falecimento. Contrastes na manhã da minha terra? Teremos sempre duas grandes opções na forma de olhar a vida: procurar convergências ou então, as divergências. Sou adepto confesso da primeira opção, e por isso não estranhem que veja aqui uma forma sublime e única de celebrar a fé e o amor, elementos essenciais e privilégios da vida.

O parque temático

Dezembro é definitivamente um mês dado a balanços, e talvez por isso, no início do mês, a Ministra Cristas, que entre muitas outras coisas nos cuida do ambiente, revelou que no ano de 2012 se verificou uma melhoria da qualidade do ar. Recusando-me a aceitar que tal fosse desde logo uma imediata consequência da implantação das rotundas concêntricas do Marquês de Pombal, que me põem os nervos em franja de cada vez que me desloco ao centro de Lisboa, busquei uma outra justificação oficial, e encontrei: a crise e o aumento do preço dos combustíveis. A crise sufoca-nos mas definitivamente por outras vias que não os ares que respiramos. Quase ao mesmo tempo, leio que Lisboa baixou três posições, de 41º para 44º lugar, no ranking de cidades feito com base na Qualidade de Vida que proporcionam aos cidadãos. A lista é encabeçada por Viena e na última posição, em 221º, aparece a “animada” cidade de Bagdad, no Iraque. O motivo para a queda de Lisboa: a crise e a convulsão social associad

A Vila Viçosa, na tarde do Pomar

Da cumplicidade maior, se fazem os Nós, Porta de chegada, entrada aberta ao Terreiro, do Paço, e onde os passos se detêm e entregam os sentidos ao sublime e ao poder da tua majestade. Da Janela de Lisboa, se espreita o querer de Luísa na ambição de ser rainha nem que só por um instante. Com ventos, dos jardins soam reais pavões e sepultadas ficam as Chagas da distância que estando aqui, assim, na intimidade contigo, ficarão para sempre no Panteão da saudade.  Há flores de laranjeira em cheiro no ar, e deste aroma se faz o alento que a Avenida sobe por entre rubras rosas roubadas à paixão de um soneto de Florbela, ainda a tempo de cruzar muralhas, antes do sino da Imaculada Padroeira, bater trindades. E o Castelo… de um Condestável guarda façanhas, e de um rei, João de seu nome, a memória da fé que à Virgem fez rainha. Há rubros medronhos a pontear a imensidão de verde, aquém e além Porta de Évora, passagem aberta à encosta onde um Maio já distante nos trouxe de leste a bênç

Um pedaço de paraíso no Pomar das Laranjeiras

Um dia, há já muitos anos, o meu pai foi arrumador e depois projeccionista no Cineteatro Florbela Espanca. A máquina com que então trabalhava está agora, e muito bem, exposta como peça de museu num dos espaços nobres do edifício, e tudo o mais está diferente, daquele tempo em que uma das duas pequenas janelas que ladeavam uma abertura maior por onde saiam as imagens a projectar, me ofereceu a oportunidade e o privilégio de um pequeno Cinema Paraíso . No entanto, nesses anos da infância e juventude, jamais conseguiria supor que um especialíssimo pedaço de paraíso me estaria reservado para esse mesmo Cineteatro, algures numa tarde fria de Outono. Aconteceu ontem, dia 2 de Dezembro de 2012, na apresentação da versão livro do “Pomar das Laranjeiras”. Veio a família, os meus pais, o meu irmão, a minha cunhada, os meus sobrinhos, os meus tios e os meus primos, os meus grandes cúmplices na vida e todos aqueles a quem devo a maior fatia do que sou. Vieram os meus vizinhos de sempre

Salazar engarrafado

O mau nunca deverá servir para aliviar a carga negativa do péssimo, e muito menos para legitimá-lo. E por isso, e por muito mal que vá a nossa democracia e por muito graves que sejam os ataques ao nosso estado social, jamais aceitarei que isso sirva de mote para tornar Salazar um herói nacional. Sabemos que a memória é curta, mas por favor, garantam que nela reservam espaço para recordar que o ditador que governou Portugal durante meio século cultivando a pobreza e a desigualdade, o homem que nos privou de toda e qualquer forma de liberdade, o indutor da mais estúpida guerra que feriu de morte uma geração de homens e as suas famílias, seja sempre recordado pela verdade do seu ser: um imbecil, um hipócrita e, sobretudo, um assassino, traidor da pátria e da liberdade que aos Portugueses assiste. Vem esta minha reflexão a propósito do registo de duas marcas de vinhos, “Terras de Salazar” e “Memórias de Salazar”, que alguém da zona de Santa Comba Dão quer colocar no mercado. Absu

As novas versões do presépio.

Há dias tive oportunidade de passear no centro de Madrid, e entre a surpresa e a desolação, senti como a movida foi irremediavelmente substituída pela indisfarçável pobreza. Entre a Chueca e a Puerta del Sol, passando pela Gran Via, respira-se o mesmo ar do nosso Rossio e, suponho, da Praça Sintagma, em Atenas. Há centenas de pessoas sem-abrigo buscando os sítios que mais as possam proteger do frio, competindo em número com gente que enverga coletes reflectores publicitando a sua disposição de comprar ouro a bom preço, abutres sem escrúpulos pousando sobre os restos da miséria dos que definham. E os grandes armazéns e casas comerciais, ali mesmo ao lado, já têm luzes e falam de Natal. Mas se o Natal é Cristo, e se pela minha fé, Cristo está onde está o Homem, não tenho dúvidas de que neste Natal, na nossa Europa da 4ª divisão, Cristo está aqui enrolado em cobertores e edredões sujos num presépio com o patrocínio de um Herodes chamado austeridade, morrendo de fome e à mercê d

A minha noite perfeita nascida dos afectos

Um dia, pelo impulso da amizade e por imposição da memória, nasceu este Pomar das Laranjeiras, alimentado pelas palavras que brotaram dos dias perfeitos nascidos dos afectos. E por relatos, crónicas e pedaços da memória; de amor, fé, alma, querer e muito Alentejo, se escreveram as enormes e fortes cumplicidades que nos foram congregando numa festa maior, uma festa de amigos reforçada a cada parágrafo partilhado. E na noite em que o Pomar se fez livro, vieram dezenas de amigos, os presentes e os ausentes que se quiseram fazer presentes, para de afectos tornar perfeita, uma noite nascida de encontro aos meus melhores sonhos. Obrigado pelos vossos sorrisos, pelos vossos olhares entregues à cumplicidade com o meu, muito obrigado pelas vossas palavras, os vossos abraços e os vossos beijos… Só convosco sou maior, e de perto de vós jamais quererei partir.