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A mostrar mensagens de julho, 2014

Eu não resisto nunca…

O eléctrico trepa veloz pela calçada, mostrando saber de cor todas as curvas do caminho. Com ele, quando acelera e frena, os nossos corpos ganham o toque de coreografia de um bailado que deixa aos olhos o benefício exclusivo dos abraços. Eu não resisto nunca a olhar-te ao jeito de quem te abraça. Ali, algures entre Alfama e o Castelo, há uma estrada marcada por séculos de passos e vontades, uma calçada de Lisboa que hoje é para nós a inédita rota de um sonho que por ser tão nosso, tem sobrenome de eternidade. No cimo da colina há uma mar de flores lilases que são a antecâmara perfeita para a vista que nos revela as cores garridas do casario que parece render-se ao Tejo, o rio perfeito, que, hoje e com o sol deste fim de tarde, beija Lisboa com a força de um inultrapassável azul. E de azul se tinge também o rendilhado namoro dos nossos olhares. E das nossas tantas palavras… Há séculos que Lisboa semeou aqui esta varanda, trono e casa para os nossos sonhos que não têm idade.

MARIA MANUELA

Sempre que eu acompanhava a minha avó Natividade a casa do Sr. Manuel Silvério e da D. Maria Cândida, quando ela ia amassar os bolos fintos na véspera da Páscoa, ou então quando ia provar os fatinhos à homem com que nos vestiam nas ocasiões especiais aí pelos anos setenta, e aprendi que nos alfaiates temos de responder à questão: “para que lado pendes?”; encontrava invariavelmente as três meninas da casa, donas de uns olhos amendoados e grandes com o mundo todo a brilhar por detrás deles e dos seus imensos sorrisos. Falo, claro, de ti e das tuas super irmãs Rosa e Zézinha, dizendo-te que jamais imaginei por essa altura, que um dia iríamos ser os amigos que somos hoje, amigos com marca registada de eternidade. Porque por mais anos que passem, nós sabemos que há sempre uma ginja com “brinhol” que espera por nós nos Capuchos, um pôr-do-sol na esplanada do Restauração, um cafezinho de Natal com troca de presentes e degustação das azevias da minha mãe, uma viagem ou um passeio aqui ou

As flores do amor são definitivamente as rosas

Por vezes interrogo-me se nós os que somos orgulhosamente guardiões de memórias, somos assim por um qualquer instinto ou detalhe genético, ou então por termos sido treinados ao longo da vida através do convívio muito próximo com grandes mestres. Numa terceira via, será possivelmente a confluência dessas duas razões a ditar-nos o gosto. Mas no meu caso concreto e no que ao convívio com os mestres diz respeito, há muito que contar… Na sequência dos serões passados a dois na velha casa da Rua de Santa Luzia, sem televisão, à conversa e no meio de infinitas histórias; a Tia Maria ofereceu-me um pequeno álbum onde durante anos guardou as suas recordações escritas, na maioria, postais ilustrados e com letras denunciadoras de afectos, amizades e amores mais ou menos felizes. Trouxe este álbum para a minha casa, ajeitei-lhe e colei-lhe as folhas, e às vezes vou dando uma espreitadela apreciando os tons pintados das fotos quase sempre de casais em poses românticas, e também as caligraf

Se fosse assim tão fácil…

Há caminhos que só têm a utilidade de nos indicar por onde não queremos ir, destinos que só servem para reforçar os outros onde queremos estar; e pessoas que nada mais têm para nos oferecer, para lá do reconhecimento e do reforço do afecto por aquelas outras que realmente amamos e nos amam a nós, comprovadamente. E eu disse sempre “querer” e não “dever”, porque a nossa própria vontade, muito mais do que a “moral” das devoções e as regras bacocas e impostas; é a melhor bússola neste percurso pelos dias, em que tudo, o positivo e o menos positivo, tem sempre algo para nos dizer e ensinar. Com mais ou menos trauma sobretudo naquilo que ao menos positivo diga respeito, no processo longo e difícil do sindroma das dores de viver; e sabendo também que às vezes não há profilaxia que nos valha, e que não adianta a troca de experiências e o GPS da voz dos demais para que tiremos conclusões, sendo obrigatório que sejamos nós a “sujar” as mãos, “colocando-as directamente na massa”. Valha-no

O sangue e as dores de uma geração

Por “mérito” da Diabetes Tipo 2 e pela necessidade de controlar a Glicemia, a Hemoglobina Glicada, o Coleresterol e afins; e depois de andar durante vinte e quatro horas a urinar para um frasco, ontem foi dia de ir fazer recolha de sangue. Pela manhã e em jejum. Depois de todos os procedimentos logísticos, vi-me sentado na cadeira do martírio vampiresco tendo à minha frente um jovem de bata branca devidamente vestida e com a voz e as mãos trémulas. Percebi-lhe o nervosismo, e por isso, e também porque a melhor perspectiva do mundo não é definitivamente a de umas mãos trémulas a avançarem com uma seringa em riste que nos “furar” umas das veias do braço esquerdo que já está devidamente esticado, resolvo atacar com uma das áreas em que me sinto mais à vontade: a conversa. E pergunto: - Então já trabalha há muito nesta área? A pergunta não resultou muito porque claramente o rapaz percebeu que eu tinha lido o seu nervosismo, e responde sentindo a necessidade de se justificar:

Essa sementeira de afectos de onde colhemos a felicidade

A avó Natividade tricotava botas de dormir com uma perícia tal, que ao serão já conseguia continuar o seu trabalho, mesmo quando o sono a obrigava a fechar os olhos. Ainda guardo umas na gaveta das meias, e usa-as sempre nas noites frias, nunca deixando de me lembrar que era eu que muitas vezes lhe segurava as meadas da lã para que ela fosse fazendo o novelo. Nessa altura, a avó contava-me histórias e rimas que tinha aprendido em criança. Crente, benzia-se sempre antes de algum trabalho doméstico mais importante, como amassar os bolos fintos na Páscoa ou mexer as carnes da matança que permaneciam nos alguidares de barro. Dos bolos fintos saía sempre o meu folar em forma de lagarto e com dois ovos cozidos, e da matança uns mini chouriços com que nós brincávamos antes de os comermos entre as duas partes de um papo-seco à hora do lanche. Com oitenta e seis anos ainda me confidenciava que aquilo que lhe provocava mais saudades era levantar-se cedo nos dias de inverno para ir apanhar a

Quadras ao jeito do campo

No passado dia 13 tive o privilégio de participar em Coruche numa tertúlia poética cujo tema era “Entre a charneca e a lezíria”. Fiz então algumas quadras que entre uma coisa e outra são definitivamente ao jeito do campo. Partilho-as: De urze bem perfumada Saiu a charneca a cantar Tão feliz, apaixonada Para a lezíria conquistar Já Coruche estava à vista E o Sorraia por perto Quando rogou que na conquista Tudo fosse bater certo E no Castelo, a Senhora Que os campos conhece bem Disse-lhe que em frente fora Com a coragem que convém Chegado então o momento A Charneca respirou fundo Bebeu do amor o alento E a maior paixão do mundo Lezíria meu amor primeiro Meu jardim à beira d'água Aceita-me assim trigueiro Apaga as minhas dores, a mágoa Lezíria do Tejo rainha Verde infinito, amor, verdade Eu quero que sejas minha Desde aqui à eternidade Ai Charneca há quantos anos Que eu te esperava aqui De entre os campos lusitanos

O sonho de uma manhã de verão

Há um campo imenso em tons de verde e rasgado por flores, que encaminha inevitavelmente os nossos olhos para o mar que ao longe toca o céu num degradé por entre mil tons de azul. O sol nasceu não há muito tempo, e o navio imponente que passa a ritmo constante cumprindo o seu destino, tomou desta hora um inédito tom de ouro que brilha intensa e incansavelmente. Eu vejo o ouro a cruzar e por sobre o azul. Escuta-se o vento que sopra forte; e o velho pinheiro e a mancha ali à direita de um pequeno canavial que toca o leito quase apagado da ribeira, já se renderam e parecem querer voar aproveitando este impulso do ar que corre veloz dando-nos a sensação de fresco por entre a manhã de verão. Há uma casa que já foi branca, o que resta da torre sineira da pequena capela de uma quinta que alguém um dia sonhou com vista para o Atlântico, e que é agora uma sombra de cal com buracos de onde nascem e crescem silvas… e amoras. Passa gente, a pé ou em carros, cumprindo com perícia o labir

As mãos mártires de “Anne Frank” também são assassinas e capazes de matar crianças

Tem nome de imperador romano e uma propensão para falar que aliada à minha, nos coloca em diálogo logo desde a porta do hotel onde me foi buscar no seu táxi, para me levar até ao aeroporto da Madeira. Naquela sequência que irmana as conversas com as cerejas, começámos por falar de teatro, depois Raul Solnado, a guerra e acabámos a falar do 25 de Abril de 1974. Actualmente com 62 anos, o meu companheiro de viagem que tem a quarta classe mas que fala fluentemente quatro línguas por via dos anos em que trabalhou nos cruzeiros internacionais, fala-me desse dia de Abril na primeira pessoa, relatando como o serviço militar obrigatório no Regimento de Transmissões, na Graça, o tinha colocado a preservar “limpo” o corredor antes aberto pelas tropas de Salgueiro Maia ali pelas bandas do Terreiro do Paço. Não resisto a perguntar-lhe: - E teve a sensação de estar a mudar a História? A resposta não tarda na forma de uma outra pergunta: - E a História mudou mesmo? E sente-se na obrig

Xtremerotation

Cumprindo um fado recorrente entre os nossos, um velho amigo foi recentemente dispensado pela empresa onde trabalhava e não perdeu tempo a criar a sua própria empresa, que isto de estar parado é um pouco como deixar-se morrer. Pesquisando sobre os procedimentos a seguir para concretizar com êxito este objectivo, deparou-se desde logo com um alerta relativamente ao nome a escolher para a empresa pois qualquer proposta teria de submeter-se a uma avaliação rigorosa que poderia bem acabar numa reprovação. No entanto, para facilitar todo este processo, o Estado fornece uma lista de nomes credíveis que garantem aprovação imediata. Os nomes estão no sítio da internet com o endereço www.empresanahora.pt/ENH/sections/PT_lista-de-firmas , e a expectativa legítima é a de encontrar nomes imaculados. Começamos obviamente pela letra A e as três primeiras sugestões (Abstratigracioso, Abstratimasgistral e Acontecódromo) já nos deixam desconfiados que algo não estará lá muito bem. Mas damos

O meu caminho

Como se já não bastassem o ser domingo e a hora tão excessivamente matinal do meu voo para o Funchal, e ainda tive de suportar ao meu lado dois ilustres representantes daquela elite empresarial lusa que monta imbecis em BMWs, almas que substituíram a potência cultural pela dos automóveis, e mesmo a outra, a da virilidade, deve andar de rastos, pois em vez de terem os orgasmos nos legítimos ou ilegítimos leitos, têm-nos aqui nos bancos do avião, usando para isso o órgão com maior capacidade de distensão dos seus corpos bem trabalhados no ginásio: a garganta. Tivesse eu uma caderneta para coleccionar disparates e ela ontem tinha ficado preenchida. Dói-me a cabeça, preciso de um café e, depois de tanta presunção, venha de lá a água benta porque é domingo e eu ainda não fui à missa. A Sé do Funchal está pejada de turistas que quando se apercebem que vai começar a missa, fogem de tal forma que parece que alguém lhes pediu que fizessem o pino. Resta à minha frente uma “lady”, chamem

Paixões, cumplicidades e canteiros de flores

Nós os loucos, os poetas, os amantes da liberdade, os que não tememos os abraços, e os irracionais que idolatramos a nossa verdade e fazemos dela o centro da vida, a própria razão; tarde ou cedo nos encontramos algures numa esquina do tempo para partilhar sentimentos, muito mais do que palavras, para falarmos daquilo que nos move: a paixão. Às vezes à volta de um chá no cimo de uma velha escada de madeira que parece ter bebido todo o eco da poesia de Pessoa; outras vezes por entre o sol a pino que beija a charneca e oferece perfis mágicos e majestade às árvores do caminho… E ainda e também por sob o luar… Afinal, nós os loucos, sabemos falar com a lua, e sabemos que por mais longe que se encontrem os donos dos olhares que amamos, todos estamos sempre a olhar para ela por entre o escuro da noite; e a lua é como a vida, denominador comum de olhares e vontades dos eternos amantes. E a lua é nossa irmã quando por entre o medo e a saudade, nos abraça e nos toma pela mão, entregando

PEDRO MIGUEL

No álbum mais antigo das relíquias fotográficas que guardo aqui em casa há uma foto de nós os dois na Corredoura, no passeio em frente à loja do teu pai e ao café do Sr. Cândido, o “Café Regional”, em que seguramos a tampa de uma caixa de lençóis com a reprodução de um retrato da Maria Antonieta, a austríaca, filha da Imperatriz Maria Teresa, que se fez Rainha de França por matrimónio com Luís XVI, e que antes de perder a cabeça se encarregou de demonstrar que não perdia grande coisa, pois quem diz ao povo para comer brioches no caso de não ter pão… Mas estamos muito bem na foto que data do verão de 1975, aquele famoso e quente do “parto da liberdade”, sobretudo porque aquele território ali representado foi a nossa corte, o espaço onde fomos imperadores e dominámos o tempo com cumplicidades e gargalhadas que jamais deixarão de render uns valentes sorrisos sempre que espreitarem à janela mais exposta da nossa memória. E às vezes também perdemos a cabeça, mas também isso era próprio

A jangada e as más ondas

Num país que tem um “Cemitério dos Prazeres”, um “Palácio da Pena”, que festeja a “Festa das Cruzes” e as “Festas da Agonia”; não será talvez novidade e motivo de revolta, que os “Passos” do Parlamento (e do governo) sejam “Perdidos”, esbarrando sistematicamente em “Portas” fechadas ou que não levam a nenhum lugar “Seguro”. Um país de políticos virados para o poder e entretidos na luta pelo dito, sempre de “Costas” voltadas para o povo a quem não dão “Cavaco”, ou melhor, dão, mas é como se não dessem nada de bom. E antes não dessem nada. Um país onde a banca, “Branca” só teve uma dona há muitos anos, e mesmo essa porque os pais e os padrinhos resolveram chamá-la assim na hora do registo; tudo o mais é negro de procedimentos e de consequências para os bolsos dos contribuintes. Um país que vai perdendo a fé, onde até o “Espírito Santo” anulou o Cristiano Ronaldo (ao jeito do Bastian Schweinsteiger), assassinou a D. Inércia, e avançou sem medo para o precipício. Um país onde os

Tu, a minha casa

Lisboa é pátria mãe de amores, e isso sente-se na frescura da brisa que prolonga o céu e nos abraça, na calçada que nos desenha a rota, e no Tejo cúmplice que ao fundo “pisca os olhos” azuis da sua água que vive em perpétuo namoro com o sol do fim da tarde. Os nossos passos lentos e polvilhados de palavras, cedem por vezes o momento para um tímido abraço, irresistível e manifesta despudorada inveja da pele perante a paz que nasce da entrega que os nossos olhares fazem um ao outro. E sinto então o teu calor que me conforta, que me oferece alento e faz com que eu sinta mais do que nunca que cheguei à minha casa. No banco à sombra do jardim, alcova de segredos, muito mais do que alívio dos cansaços, soltam-se livres os desejos quando entrecruzamos histórias, vontades, e as nossas mãos se tocam para que eu comprove que é sempre seda, o que sinto por entre o namoro dos nossos dedos que se querem da mesma forma serena como o todo de nós se quer e se deseja. E os teus olhos que brilh

Tudo vale a pena…

O prazer das palavras escritas, as minhas e aquelas outras que alguém escreveu para mim e para a humanidade toda, faz com que em muitos serões, a minha relação com a NOS se reduza ao estatuto de bancária com contributo mensal, com a televisão a permanecer desligada. Nessas noites, para além da música, apenas o vento, que em São Marcos e nos meses de verão, sopra forte e com uma “mostrenga” potência de temível adamastor, são eleitos como companhia sonora. O silêncio é sempre uma mentira e uma ilusão, pois sabemos que o pensamento “grita” em nós a cada instante; e isto não acontece só porque às vezes o vento até consegue ganhar até à música no semear de palavras que germinam e fazem desabrochar memórias. Todas as memórias… Ontem fiz um intervalo nas palavras escritas para terminar o Lego que os Ricardos me ofereceram no aniversário. Eles não sabem, mas eu esperei precisamente 45 anos até voltar a receber novamente um Lego como presente, depois de no dia dos meus 3 anos ter sid

Um destino

Eu não acredito no destino. Não acredito que exista uma inevitabilidade cósmica que faça de nós meros e passivos espectadores assistindo ao desenvolvimento de uma história que é a nossa própria história. Acredito apenas que existem momentos e pessoas que se aproximam muito dos nossos sonhos e da nossa vontade, e existem cumplicidades que de tão perfeitas parecem ter a marca do divino. Sonhos, vontade, cumplicidades… e quando tudo é assim tão perfeito e tão nosso, até parece um destino que ultrapassa e esmaga a aparência de um qualquer momento. Estar em casa sozinho num serão de verão a procurar parede para pendurar um quadro que um amigo fez e me ofereceu; reler alguns trechos de “A mensagem”, contemplar a dedicatória feita por um amigo e colocar o livro na estante na secção / “altar” especial de Fernando Pessoa; arrumar mais três livros na estante, um DVD e colocar um novo livro de receitas numa das gavetas da cozinha; alinhar quatro presépios na colecção; incorporar os “novo

Os amigos e a poesia

Sob o luar maior de Lisboa e nas vielas do bairro mais alto da cidade, aquele que tem cor de sardinheiras, tom de fado, e que no cimo da colina parece querer agarrar a própria lua, cheia se faz a noite ao redor da mesa de todos os afectos. A noite perfeita tecida pelos instantes em que a poesia se solta dos olhares, dos abraços, de todos os gestos e das palavras dos amigos. A minha história tornando-se mais feliz assim entrelaçada nas histórias daqueles a quem o coração oferece a magna coroa e os torna “a minha gente”. E a nossa idade, como a nossa história, é muito mais medida por gente e afectos, do que ditada pelo tempo e pelo passivo percorrer dos dias.   A noite perfeita e intensa faz-se naturalmente pequena até ao momento em que o sol surge no horizonte e me desperta para o privilégio de olhar o Atlântico num desvario de azul que só nós, os marinheiros de sangue e alma, conseguimos entender. O mesmo sol que pela hora de almoço parece fazer-me rota por entre a lezíria a

GUILHERMINA MARIA

Um dia Deus criou o mundo, e quando se cansou de o ver a preto e branco, nasceste tu. Não que o pigmento que nos dá cor aos dias venha da tua voz grossa que fala alto e canta nas missas os mais sonoros “Amen’s” de que à memória, não que derive desse jeito para tosquiar com perícia todos os que se aproximam para recolher lã, ou até mesmo do facto de fazeres o melhor Cozido à Portuguesa de que há memória; a cor e o sabor que dão perfeição aos nossos dias nascem da tua inultrapassável generosidade. Em tantos anos de uma boa e indispensável amizade nunca te vi preocupada contigo, sempre com os outros, e às vezes muito. Atesto até que das tuas rugas nenhuma nasceu de qualquer egocêntrico mal-estar ou desconforto próprio. Sabes que as pessoas pequenas têm um coração à sua medida e só conseguem cuidar delas próprias, e as pessoas grandes assim como tu, têm um coração que lhes permite “abraçar” a humanidade toda, se tal for necessário. Senti sempre essa dimensão fantástica do teu cora

Campeões do mundo

Por tanto “ir à bola contigo”, sei que temos tudo para derrotar os adversários e assegurar goleadas em todos os desafios que se nos coloquem no “campeonato”. Sempre depois de termos cantado juntos os “nossos hinos”… e de mão dada. Sem grandes (nem pequenas) penalidades, e também sem prolongamentos, que todo o tempo será pouco para fazer a festa dos abraços e dos beijos, no relvado, nas praças das cidades, nas rotundas, nos cafés… ou em qualquer outro sitio. O segredo? De olhar certeiro para o mesmo objectivo, visão de equipa, motivação, alma, coração (este então…), entrosados e com um perfeito plano técnico-táctico, desenharemos jogadas “infernais” que nos levarão sempre a gritar e a festejar golo. “Em cantos”, muitos, e com eles a aproximação à “baliza” que aumenta a eficácia. Livres, mesmo com barreiras cerradas à nossa frente, mas sempre directos… ao golo. Fora de “jogo”? Só quem esteja contra nós. Faltas? Seremos superiores às rasteiras, aos empurrões e às ileg