Portugal a arder

A cena repete-se todos os anos.
Do programa de férias, faz parte esta preocupação com o país que arde, com as pessoas cuja vida se encontra em risco, com a floresta que desaparece, com os bens pessoais e bens públicos que são devastados, etc.
Passam os anos, sucedem-se os governos, as câmaras municipais, e nada, mesmo nada, muda.
Recordo-me do ano de 2003. Durante o mês de Agosto, Portugal ardeu de uma forma brutal, era então primeiro-ministro o actual presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso.
As consequências dos incêndios foram tremendas.
Passaram 7 anos. Os protagonistas de hoje são a oposição da altura mas os argumentos são os mesmos.
Em Portugal é sempre assim. Mudam os intérpretes mas a canção é sempre a mesma. E para mal dos nossos pecados, a canção de sempre é um triste fado.
Porque não se obriga os proprietários dos terrenos, a começar pelo estado e pelas suas instituições, a limpar as matas e os terrenos à sua responsabilidade? Porque não se penaliza seriamente quem pratica actos de risco, como por exemplo o lançamento de foguetes? Porque não se colocam os meios do estado, os meios militares por exemplo, a combater os incêndios, e em vez disso, se contratam a peso de ouro empresas privadas para combater incêndios, com base no princípio de que quanto mais arde mais ganham?
Enfim, há muitas questões que ficarão sempre por responder.Daqui a uns tempos, quando terminar a época de incêndios, os presidentes de câmara estarão preocupados com os locais onde irão construir as próximas rotundas, os ministros estarão preocupados com a campanha eleitoral para a presidência da república, e só se recordarão dos fogos, as pessoas em quem eles deixaram marcas e, sobretudo, as famílias daqueles homens e mulheres de alma grande, justamente chamados de “soldados da paz”, que continuam a pagar com o seu voluntarismo e abnegação, o preço da incompetência de quem supostamente nos governa.

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