O meu Deus...


O meu Deus ressuscita, tal qual o canto das ribeiras numa tarde de chuva, sempre que eu ofereço ao tempo adverso, o meu rumo e os meus aromas, fazendo do inócuo silêncio, uma canção perfeita que me espelha na rima de cada verso.
O meu Deus foge então dos sacrários e dos altares, para caminhar pelas ruas no peito da gente, espreitando pelo riso e pela esperança que são próprios de quem vive contente.
O meu Deus trocou os mantos de veludo pelos gestos talhados pela vontade, trocou a sumptuosidade dos templos pelas vielas, rejeitou a hipocrisia, trocando-a pelos beijos de amor, que o são de verdade.
O meu Deus passou pela cruz, mas é a alegria que se abraça num sepulcro vazio.
O meu Deus, todos os dias, e não só nas manhãs de Páscoa, é a minha vida inteira a repousar num abraço onde não se sente o frio.

 

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