Mãe


As tuas mãos protegem-me do vento frio, construindo uma casa invisível onde eu gosto de adormecer sob a luz ténue, mas perpétua, de um beijo.

Sem que se espreite, eu sinto que é de linho bordado, o leito que me oferece o teu olhar, enquanto a voz pendura favos de mel das esquinas de todos os segundos.

Então, eu sorrio e navego, enleado nas histórias doces que, mesmo sem lápis de cor, tu me desenhas no pensamento. Invariavelmente, sou um herói sem lágrimas e impossíveis, um rapaz que voa com os pássaros num campo de trigo.

O amor é assim, do reino de sentir, e tu, mãe, vives aqui tão perto, como quem é tanto de mim, os dois envoltos por uma só pele.

O amor é assim, foca-se na essência, e quem oferece a vida, oferece-a todos os dias no respeito pela nossa identidade. 

O amor não tem pressa por não temer o tempo, e tu, mãe, és a palavra, o poema que nunca se esvai, a certeza de eu nunca envelhecer.

És a eternidade.

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