O Homem...


O Homem que despreza as suas raízes é um pinheiro ornado de Natal no recanto de uma sala qualquer. Poderá até brilhar intensamente, tomando benefício das estrelas de purpurina, e pode até acontecer que a sala cumpra a magnificência dos poderosos, mas a árvore morrerá à fome e à sede, acabando sempre por tomar sepultura num desconfortável e reles contentor do lixo, por entre a amarrotada agonia dos papéis de embrulho que ajudaram na festa.
O Homem que renega a sua história, cala a essência que tomou dos beijos simples do mel do berço, focando-se apenas nos vistosos sobretudos de outras peles que lhes possam cumprir a vaidade.
Estes Homens são máscaras caras que se passeiam pelos dias de Natal e de todo o ano, contentes e risonhos por terem há muito esquecido que a mentira tem uma existência fugaz, e que para cada máscara existe sempre o fogo da verdade e a triste sina das cinzas espalhadas por uma quarta-feira que o calendário senta em Fevereiro ou Março.
Dizem os outros Homens, depois de abraçarem estes da ilusão, que a sensação que fica presa ao corpo e à alma é de que se atravessou uma floresta de sombras, durante mais ou menos tempo.
Porque o coração é aquilo que em nós mais se assemelha ao sol, renascendo a cada instante para cumprir a recorrência das novas madrugadas onde a verdade sorri, doce, por entre os frutos maduros que o tempo vai perfumando pelo ano fora.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

O MUNDO MAIS BONITO E CONFORTÁVEL NUM TEMPO A CHEIRAR A FLORES

“Quando mal, nunca pior” ou a inexplicável rendição à mediocridade

TESTAMENTO DE UM ANO COMUM