A esquina entre Abril e Maio…


Na esquina onde o tempo se despede de Abril, clamando por Maio, a água que o céu chorou emocionado pelas suas paixões, que são muito mais de mil, inspirará a terra para inventar as flores, naturalmente, sem presunção e sem ensaio.
Abril ama a liberdade, que deixou no canto, na voz, nas mãos entrelaçadas, e até num cravo encarnado; e Maio tomará desse amor, o gesto, o gosto e a cor, perfumando os morangos e as cerejas, porque como é fácil de entender, a liberdade alimenta-nos, sendo, por isso, coisa doce para se comer.
Abril calou o Homem velho, reinventando-o numa manhã de Páscoa e ressurreição, esperando que Maio, assim como todos os outros meses, não o devolvam aos túmulos bafientos, por entre um inusitado “deja vu” e a maior deceção.
Na mesma esquina onde o tempo agora se despede de Abril, também um dia se despedirá de Maio, quando ele já estiver maduro. O tempo é assim, tem esquinas, para que nunca o aceitemos como inevitável, e possamos ajustá-lo a nós, moldando o futuro.

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