O Natal é um beijo


Quando eu era rapaz o Pai Natal não existia, e na manhã de Natal, os avós e os tios chegavam cedo a nossa casa com um presente, anunciando vir trazer-nos o Menino Jesus.
Até há muito pouco tempo eu acreditei que o Menino seria essa camisola ou esse par de meias embrulhado com algumas guloseimas, mas hoje sei que o Menino Jesus era afinal o beijo que nos davam por entre um abraço que desmentia o frio de dezembro.
Porquê?
Porque Jesus não é algo que se vista e que nos adorne, porque Jesus não será nunca um jogo ou um pretexto que nos distraia numa tarde de amigos, e porque Jesus não é o que se embrulha em papel escolhido a gosto e submetido ao gesto de cada um. Pelo contrário, Jesus é o amor, e o amor sente-se e partilha-se na verdade de um beijo.
Para além disso, se a saudade é o filtro que despreza o acessório e retém apenas o que importa, dessas gélidas manhãs Calipolenses ficaram os beijos, como detalhes de um amor incondicional e único, que foi cimento daquilo que sou.
Hoje, tal quando eu era rapaz, o Pai Natal não existe, e, sendo tanto, pode dizer-se de modo breve, que o Natal continua a ser um beijo… com o Menino Jesus a bordo e a brincar com as estrelas.

 

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