Por mais mundo que me abrace…



Na casa de Vila Viçosa os chinelos de quarto imitam o amor, e não só naquilo que ao conforto diz respeito: estão sempre religiosamente no mesmo sítio e até às escuras os consigo encontrar.
Por mais mundo que me abrace…
Jamais se “desarruma” ou desassossega este beiral onde me ajeito, às vezes, como agora, nos dias quentes em que o vento adormeceu para uma longa sesta e se demite do gesto de uma brisa fresca.
Aqui não há detalhe de afecto que se demita e que me falte…
Tanto daquilo que trago comigo em bolsas de pele, de vida e de memória, bebo-o aqui nesta casa onde até as paredes do meu eterno quarto parecem transpirar o bálsamo do sono mais profundo e dos meus sonhos mais fiéis.
As noites mágicas no quarto onde o pensamento me ensinou a voar têm palavras adormecidas que eu agarro entre a saudade.
Por mais mundo que me abrace…
Eu serei sempre desta terra, da coerência do amor onde me fui sonhando assim.
  

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