2017


Na saliência de um segundo que um beijo fez emergir, penduro o meu casaco, e mais à frente, num outro segundo a que a ousadia ofereceu um plano inclinado, sacudo os pés, preparando-me assim para seguir viagem.

Olhar no horizonte, sorriso a meia-lua, o pensamento alado, como usa ser, e as mãos entregues às mãos que as perfumam do gesto verso, sem palavras, que fala de amor.

Não existe um tempo novo, existe apenas a vontade de desmanchar o previsível encolher de ombros que deixa o tempo ser aquilo que for.

Desassossegar a letargia do destino mais apático, anónimo e genérico.

Por estes dias, o Menino fugiu com José e Maria para o Egipto com a ajuda do burro, os reis regressaram a casa, a estrela foi brilhar para outro nascimento, e até os pastores tiveram que ir à sua vida, pois são muitas as ovelhas para apascentar.

No casebre de Belém resta a palha, e a vaca, que pela magreza, ofereceria adjectivo ao ano todo que aí vem

Desarrumar o previsível sem desmanchar a esperança que mora no presépio. Para isso existe Janeiro.

Ano novo?

Tomando os segundos de assalto, de mão dada, “fato” novo… e sabendo que para nos deixarmos acontecer, o amor que nos dita a alma terá de vir sempre em primeiro.

Feliz 2017.

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