Estes dias feitos de flores


Mesmo que não cheguemos ao tempo das cerejas maduras, ninguém poderá acusar-nos de não termos vivido intensamente estes dias feitos de flores.

Ainda que, à porta do forno, não saboreemos o pão de trigo que o azeite beija de paixão, já teremos guardado todos os segredos trazidos pelo vento, as histórias reveladas nestas tardes em que somos seara verde a espreguiçar-se ao sol de Abril.

A idade contada em anos é uma ilusão, porque a vida não é tempo, mas é intensidade e coerência na concretização dos sonhos, até dos mais ousados.

Nós trazemos o céu inteiro no olhar, ao contrário daqueles em que o único detalhe de firmamento é o possível reflexo de alguma nuvem que o dia lhes ofereça gratuitamente às lentes. Porque o céu é o todo da alma que se espreita e extravasa no olhar, ao jeito de um herói.

O céu é o sonho que carregamos no peito.

Ainda que alguém possa dizer que nos falta tempo, nós repousaremos tranquilos, porque não há nada que nos falte fazer.

Repousaremos tranquilos entre as flores.

 

(Agradeço as fotos enviadas pelo Rui Pereira)

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