Gosto muito quando a noite põe um vestido encarnado


Gosto muito quando a noite põe um vestido encarnado…
Nas estradas de pó do deserto de areia, ou nas praças também desertas das cidades a que a hora roubou a gente, erguem-se imponentes pirâmides de luz com vértice de encontro ao céu estrelado, escadas informais por onde sobe o olhar e o sonho, sepultadas, definitivamente, as dores e o cansaço.
Não importa nunca o nome das estradas, das ruas ou dos rios…
Tejo, Nilo ou Sena, são irrelevantes detalhes das águas que correm soltas, sem cessar, cumprindo-nos a vontade e levando sem retorno, as mágoas, como quem devolve o sal ao mar.
Na esquina de cada segundo desses ocasos rubros tingidos pela paixão, eu construirei um palácio de pedra, gigantesco, como quem eleva aos altares as coordenadas do destino traçadas sobre o mais improvável chão.
Gosto muito quando a noite põe um vestido encarnado…
Para comprovar esta agonia dos impossíveis, se acaso mais alguma prova fosse precisa, sempre te direi que um abraço teu consegue até desmanchar o tom de enigma que mora no sorriso da Mona Lisa.
 

(Agradeço a foto à minha amiga Carla Antunes)

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