Uma cadeira na solidão…


Quem pensa pela sua própria cabeça arrisca-se a sentar-se sozinho numa cadeira com aspeto desprezível, à esquina de uma velha rua onde todas as casas ruíram por força da solidão.
Sem o confortável “chapéu-de-chuva” da multidão onde se dilui a identidade, ficaremos por ali sujeitos ao dedo feroz e acusador das intempéries, e de todas as agruras do tempo e das más vontades.
Nos tempos que correm, eu não compreendo os “democratas” que dividem o mundo entre eles e a estupidez, provando que Santa Comba Dão é demasiado próxima da Sibéria e de Pequim.
Também tenho alguma dificuldade em compreender aqueles que veem a vida à luz de uma história onde se confrontam os bons e os maus, com as fronteiras dessa classificação a serem definidas pelas convicções partidárias, as religiões, o estatuto social, o género… ou quaisquer outros humanos agrupamentos.
Confesso que também não tenho muita paciência para a gente ao estilo “Bola de Berlim com recheio de caviar”. Concentrados no elevado valor do seu ego, esquecem-se que são perfeitamente intragáveis para os demais que os têm de “provar” em qualquer interação, por mais pequena que ela seja.
Entre as casas que ruíram crescem flores para nos lembrarem a primavera, e o horizonte saboreia-se melhor desde o espaço onde estamos sozinhos, do que do meio de uma imensa multidão.
Mesmo que nos doa muito a ausência de um abraço, o Homem cumpre-se na convicção e na coerência que se exprime nas palavras e nos gestos.

 

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