Reais bacias entornadas

Em tempos de crise grossa por cá e também do outro lado da fronteira, o rei de nuestros hermanos, resolveu ir caçar elefantes para o Botswana com o patrocínio, por certo um alto patrocínio, de um magnata hispano-saudita.
Viveríamos por certo na ignorância deste facto se por acaso o rei não tivesse fracturado a bacia, pondo a nu uma manifesta falta de solidariedade para com os seus concidadãos, lá como cá a serem espremidos financeiramente até ao caroço.
Perante a indignação geral, hoje ao sair do hospital, o rei afirmou:
- “Sinto muito. Errei e não voltará a acontecer.”
Fica-nos a dúvida se o erro a que se refere tem que ver com o facto de ter ido ou então com o acidente em si, o qual por certo implicou uma sobrecarga nas despesas nos Serviços de Saúde, porque esta nunca será uma bacia qualquer.
Já muitas vezes aqui partilhei convosco o meu republicanismo convicto e a minha antipatia por este estatuto de poder eterno dado a famílias e pessoas. Ler e comprar histórias de príncipes e princesas foi coisa que deixei de fazer ao abandonar a infância e recuso-me a aceitar a ideia de no meu país algum dia me obrigarem a patrocinar uma corja de inúteis e a alimentar os seus vícios caros.
Bem sei que por cá a República também não anda nada bem.
Temos um presidente que não dá “cavaco” à malta e que até faz dissertações sobre as dificuldades económicas derivadas das suas reformas de milhares de euros…
Temos um ex-presidente que viola os limites de velocidade nas auto-estradas e dá “só ares” de gabarola ao dizer que manda o Estado pagar as multas…
Temos um ex-candidato a presidente que se diz muito “alegre” pelo facto de o não ser pois a situação do país está difícil.
Temos no entanto, e valha-nos isso, a hipótese de daqui a quatro anos poder mandar alguns dar uma volta, à primeira ou à segunda, e eleger novo inquilino para o palácio cor-de-rosa ali da zona de Belém.
E estamos tão felizes com o momento que vivemos que até já se fazem sondagens sobre esta futura eleição, gozando dessa doce ilusão de assim estarmos a acelerar o tempo daqui até ao futuro.
E quanto aos nomes de que se fala?
Não se esforcem muito e proponho daqui a criação de uma comissão que integre os dois maiores e melhores visionários deste país: a astróloga Maya que lê o futuro nos astros, e o Arquitecto Saraiva que pela maneira de colocar as mãos e o pescoço consegue identificar a orientação sexual de uma pessoa.
Assim, talvez um dia nos nasça o SOL.

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