As mãos do mesmo amor…


Depois de algumas lições, acho que, finalmente, consegui ensinar o meu pai a fazer selfies com o mínimo de qualidade.
Trazemos enraizado este hábito de apontarmos caminhos e sorrirmos para onde nos pede o coração e a vontade, agora, buscando o “buraquinho” da câmara fotográfica do i-Phone, como antes olhando o céu para sorrirmos juntos, e ao mesmo tempo, para o papagaio de papel que fizéramos de manhã para lançámos ao vento.
Entre nós os dois, quem aponta o caminho a quem, muito pouco importa ou importará, porque as nossas mãos são do mesmo amor.
E quem nos olhar de perto ou de longe, e nos vir como dois corpos separados, talvez não consiga intuir como respiramos a mesma eternidade, tão imune é o nosso amor ao tempo e a qualquer cansaço.
O amor, sim, este sentimento de até permitir-se morrer se sentimos que a nossa essência é o ar que falta no peito do outro.
Quando vamos os dois dar um passeio e eu lhe peço para fazermos uma selfie, vejo pelo sorriso que o meu pai pensa, mas não diz:
- Este gaiato está cada vez mais maluco e “esparvêrado”.
E eu sorrio também por entre este amor que me faz nunca querer crescer, agradecendo a sorte que há neste fado.

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